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Luciane Buriasco

Luciane Buriasco - Família: Ontem, Hoje e Amanhã

Magistrada Luciane Buriasco Isquerdo - 13 de fevereiro de 2017 - 09:20

Luciane Buriasco - Família: Ontem, Hoje e Amanhã

A família do ontem já foi de muitas formas. Na família grega, todos se reuniam diante do mesmo altar, onde havia um fogo sagrado sempre aceso e se fazia orações aos antepassados e as refeições. [1] O casamento por amor é, por sua vez, uma construção histórica muito mais recente, posterior à Revolução Francesa e Industrial. [2] Conveniências de natureza econômica predominavam. A mulher não tinha autonomia de nenhum tipo, sujeitando sua sorte à do marido.

No final do século XX, surgiu tanto o divórcio como a pílula anticoncepcional, permitindo escolhas permanentes, de se manter ou não a relação e iniciar a relação sexual antes da afetiva, ter ou não filhos, quantos, desvinculando sexo de paternidade e maternidade. Boa parte das famílias hoje é constituída de mãe com filhos. Tem decrescido o número de casais com filhos. [3]

Outro aspecto que já impacta as relações familiares é a internet, com Skype, FaceTime, WhatsApp, Facebook. [4] A comunicação é imediata, fácil, barata, apagando distâncias. O espaço privado tornou-se público.

Diante desse quadro, o que se acena para amanhã? Famílias constituídas com base no afeto, na livre e permanente escolha entre os parceiros de manter uma relação que satisfaça suportavelmente os anseios de identidade comum fundado nas afinidades, com compromisso com a felicidade de cada um, sem a necessidade do local comum de residência, como se dá por razões profissionais, emocionais, como pessoas provenientes de outras relações, às vezes com filhos que querem criar sós, com convivência com os pais biológicos, sem misturar relações.

Chame-se de crise ou não todas essas mudanças, é inegável o aspecto positivo das relações estarem cada vez mais centradas no amor, nas afinidades, na solidariedade, com espaço para que ambos no casal realizem-se financeira, profissional e afetivamente, tendo amigos, satisfações próprias, desejos, buscando à sua moda felicidade, sem sacrifício, muito pelo contrário, fortalecendo a relação, já que ninguém tem que cobrar do outro a alta conta da sua própria felicidade.

Sim, a internet evidenciou distâncias: casais ao celular em restaurantes, filhos mais atentos ao celular que à conversa da refeição, alunos no celular para não estarem nas salas de aula. É a desterriterioralização da internet. Estamos onde e com quem escolhemos estar, sempre.

[1] Rosa, Conrado Paulino da. iFamily: Um Novo Conceito de Família? São Paulo: Saraiva, 2013. Pág. 94.

[2] Idem, pág. 131.

[3] Sobre esses dados e o que se denominou Novos Rumos, a reportagem publicada pela Folha de S. Paulo no dia 25 de janeiro de 2011, da jornalista Juliana Vines.

[4] Daí o conceito de iFamily da obra citada.

Luciane Buriasco Isquerdo é Juíza de Direito em Cassilândia, Mato Grosso do Sul, membro do IBDFAM – Instituto Brasileiro de Direito de Família, IBCCRIM – Instituto Brasileiro de Ciências Criminais e bacharel em Direito pela UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina.

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