O Dia Internacional das Mulheres vem aí e reportagens interessantes nos darão o balanço de que as mulheres seguem ganhando menos do que os homens e ocupando menos cargos de poder ou cúpula nas maiores empresas, pauta atual do feminismo no Ocidente.

No dia a dia, contudo, o maior desafio é a cultura, adotada por homens e mulheres, que sequer percebem ou pensam que pode ser diferente o papel inferior que assumem numa relação afetiva, na empresa ou instituição que trabalham, e na vida de uma maneira geral.

Elaborei então um check list simples, que nos permita um balanço de nossas posturas, mulheres e homens, frente à luta por igualdade de gêneros. Cheque, portanto, se você:

- Trabalha e ganha o suficiente para se sustentar num nível de vida que seja aceitável para você, ou esteja engajado(a) nisso, estudando ou pensando em abrir ou ampliar seu próprio negócio; e tenha conseguido tal trabalho ou posição sem a interferência de superiores com quem você tenha mantido relações sexuais;

- Divide as contas comuns do lar na proporção dos ganhos de cada um e arca com as próprias contas, tendo voz nas decisões do que fazer com eventual sonho que precise do dinheiro dos dois, como casa ou viagem;

- Divide bem as tarefas do lar e com os filhos, na proporção também do tempo que cada um tem, conforme o trabalho que exerça;

- Tem seus próprios amigos e amigas e cultiva algum tempo para manter essas amizades, que não se confundem com as amizades comuns que você tem como casal;

- Pratica algum esporte, frequenta a religião que escolheu para si, se for o caso, e desfruta de lazer;

- Participa de cursos ou eventos profissionais;

- Escolhe o que comprar com o seu dinheiro, como carro, moto, roupas;

- Aceita promoções no emprego, cargos mais altos ou oportunidades no trabalho.

Deve haver muito mais, mas o essencial está aqui.

Um bom filme, brilhante aliás, já que estamos em semana de Oscar, e, portanto, fala-se cinema, é Mil Vezes Boa Noite, lançado em 2014, um drama do Diretor Erik Poppe, já disponível em DVD, nas locadoras e Netflix. Nele, o personagem vivido por Juliette Binoche se vê obrigado a escolher entre família e profissão, o que se espera seja impensável daqui a vinte, cinquenta ou cem anos.

E como tem tudo a ver com feminismo, com deixar de ser meramente objeto de desejo, lembremos que esta foi a primeira cerimônia da grande premiação americana de cinema depois da revelação dos assédios sexuais de Harvey Weinstein, grande produtor de Hollywood que chegou a perder somente para Deus nos agradecimentos de quem recebia a estatueta.

Luciane Buriasco Isquerdo é Juíza de Direito da 2.a. Vara Cível e Criminal de Cassilândia-MS, apresentadora dos programas de rádio Culturativa (http://www.radiopatriarca.com.br/culturaativa.asp) e Em Família, na Rádio Patriarca. Siga-a no Tweeter: @LucianeBuriasco