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Leia - Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 12 de abril de 2007 - 08:26

Super-humano – subumano

“Se na palavra super-humano existe hífen separando o prefixo do resto da palavra, por que não o há em subumano?”, foi a pergunta que me veio pelo correio eletrônico, enviada por Gabriela Lemes, que se diz cada vez mais confusa quando procura, nas regras gramaticais, uma solução para as suas dúvidas na grafia de palavras que têm prefixos ou elementos prefixados. E me pede que lhe explique ‘as regras da hifenização’.
Nos naturais limites de meu conhecimento, mero curioso em questões da língua que falamos, a pergunta será respondida já e agora: o prefixo super exige hífen nos radicais começados por h ou r (super-homem, super-hidratação; super-resfriado, super-requintado – superabundante, supercampeão, superdose) e o sub só o quer com radical iniciado por r (sub-reitor, sub-remunerado, sub-reptício - subsalário, subscrecer, subsecretário, suboficial).
O hífen não é um fato lingüístico (próprio da língua), mas uma convenção ortográfica, um acordo, a única parte da língua que pode ser estabelecida por lei. Aliás, a ortografia, isto é, a maneira correta como se escrevem as palavras de uma língua, não é gramática. Erro de ortografia não é erro de português. É infração a uma norma ou a um preceito; não a um princípio gramatical.
Porém, com referência “às regras da hifenização” (ou de como usar o hífen), que são muitas, antes de qualquer comentário, é bom lembrar uma advertência do professor Celso Pedro Luft em seu Novo guia ortográfico: “Arqui-secular / arquicélebre; bem-querer / benquisto; pseudo-original / pseudoprofético; sobre-humano / sobrenatural... Quem olha essas grafias, e não conhece os usos idiomáticos de composição, justaposição e aglutinação, pode facilmente concluir chamando anárquica, contraditória, a ortografia vigente. A que normas obedece a escrita justaposta ou aglutinada dos prefixos?”. E o prof. Luft as esmiuça em cinco páginas de seu precioso livro.
Não havendo como resumi-las aqui, vai uma orientação: usa-se o hífen (a) para ligar os elementos de palavras compostas, (b) para unir pronomes átonos a verbos, (c) para a partição da palavra no fim de uma linha, e (d) para separar, nas palavras derivadas por prefixação, o prefixo do radical.
Com referência à prefixação, que é a dúvida da Gabi, como orientação, um lembrete: geralmente os prefixos são aglutinados ao radical, isto é, sem hífen. As exceções são estas:
1-contra-, extra-, infra-, intra-, supra- e ultra-, quando o radical começa por vogal, h, r ou s: contra-ordem, extra-escolar, infra-assinado, intra-abdominal, supra-renal, ultra-humano. Exceção extraordinário;
2- ante-, anti- e sobre-, quando seguidos de radical que se inicia por h, r ou s: ante-histórico, anti-herói, sobre-humano;
3- super e inter quando o radical for iniciado por h ou r: super-homem – super-humano, inter-regional;
4- ab-, ad-, ob-, sob- e sub-, quando seguidos de radical começado por r: ab-rogar (revogar), ad-rogação (adoção), sob-repção (obter algo com ardil), sub-regional, sub-rogar (substituir);
5- ex-(com o sentido de estado anterior), sota-, soto- e vice: ex-presidente, sota-capitão ou soto-capitão (indivíduo que substitui o capitão a bordo), vice-prefeito; e
6- pós-, pré- e pró-, quando o prefixo conservar seu acento e tiver significado próprio: pós-colonial (poscênio, a parte do teatro que fica atrás do palco, os bastidores), pós-fixado (posfácio, texto posto no final de um livro), pré-ajustar (preâmbulo), pré-escola (preexistência), pré-filosófico (prefácio, texto que antecede uma obra escrita), pró-labore (procônsul). pró-reitor (prorromper).

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