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Ferroeste estuda estrada de ferro de Cascavel a Dourados

Lúcia Nórcio/ABr - 06 de julho de 2008 - 08:45

Curitiba - A Ferroeste (Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A.), denominada no passado de Ferrovia da Soja ou Ferrovia da Produção, estuda ampliar sua área de atuação. Atualmente a ferrovia, com 248 quilômetros, liga apenas as regiões oeste e central do estado.

O Brasil tem hoje duas empresas ferroviárias públicas,a Valec e a Ferroeste, mas apenas a empresa do Paraná é operadora pública. A Valec, vinculada ao Ministério dos Transportes, concessionária federal, não opera ferrovias, constrói para subconcessionar à iniciativa privada.

"A Ferroeste constrói e opera", explica o presidente da empresa, Samuel Gomes.


A empresa tem concessão para construir e explorar uma ferrovia entre as cidades paranaenses de Guarapuava e Cascavel e os ramais necessários para sua viabilidade.

"O trecho em operação, entre Cascavel e Guarapuava, foi construído entre 1991 e 1994, em parceria com o Exército, com recursos do governo estadual, da ordem de US$ 363,6 milhões", conta Samuel.

Segundo ele, a Ferroeste é o exemplo de que a gestão pública pode ser eficiente e lucrativa. Ele cita o recorde de transporte obtido no último mês de junho.

"Foram transportadas 156.241 toneladas de carga, volume 89,6% superior as 82.285 toneladas movimentadas no mesmo mês de 2006 pela companhia privada que administrava o trecho”, disse.

Com o recorde, evitou-se, segundo Samuel, que transitassem mais de 6.500 caminhões na rodovia que liga Cascavel a Paranaguá, onde está o maior porto graneleiro do Brasil. Além disso, possibilitou uma economia aos produtores de mais de R$ 1,5 milhão em pedágio.

“O primeiro semestre de 2008 é o melhor da história da Ferroeste”, comemora.

Nessa perspectiva é que a empresa planeja construir 1,5 mil quilômetros de ferrovias até 2015, a um custo estimado de R$ 3,2 bilhões.
"Os ramais, cujas construções já estão definidas, ligarão Cascavel (PR) a Dourados (MS), passando por Guaíra (PR) e Mundo Novo (MS), e Cascavel (PR) a Foz do Iguaçu (PR)", informa Samuel.

O presidente da Ferroeste disse que para a construção de ambos os ramais já existe concessão, projeto final de engenharia e estudos ambientais. Ele adiantou que a empresa está requerendo o direito de estender a ferrovia de Dourados (MS) a Maracajú (MS).


A construção do ramal Cascavel-Maracajú foi decidida por acordo entre o governo federal e os governadores da Região Sul em reunião, em Brasília, no início desse ano. A extensão permitirá a conexão com a Ferrovia Norte-Sul e com a malha ferroviária do Centro-Oeste. Com isso, as linhas da Ferroeste poderão servir para o transporte de produtos de Corumbá e da Bolívia, que passarão a estar a uma distância de 1.700 quilômetros do Porto de Paranaguá, conforme explicou Samuel.


Já a construção do ramal de Cascavel para Foz do Iguaçu tem como respaldo as relações internacionais do Brasil no âmbito da América do Sul. O ramal compõe o corredor ferroviário bioceânico, que deverá ligar os portos paranaenses e catarinenses aos portos chilenos.


A decisão política de construir o corredor foi tomada pelos presidentes do Brasil, do Paraguai, da Argentina e do Chile e encontra-se em fase de operacionalização.

Estabeleceu-se, durante uma reunião em Buenos Aires, em maio último, um prazo entre cinco e dez anos para que o corredor esteja plenamente em operação. O ramal entre Cascavel e Foz do Iguaçu passaria a ser considerado a parte brasileira do trecho Cascavel-Paraguai, assumido pelos dois países como um projeto binacional.

Segundo Samuel, a parte brasileira, entre Cascavel e Foz do Iguaçu, com 170 quilômetros, já conta com projeto final de engenharia, onde a Ferroeste investiu R$ 9 milhões nos estudos preliminares de viabilidade e estudos ambientais. Esses últimos precisam apenas ser atualizados.


O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ficou encarregado dos estudos e das medidas necessárias à estruturação e viabilização do empreendimento.

O trecho entre Foz do Iguaçu e o ponto de ligação no território paraguaio com a fronteira argentina terá cerca de 500 quilômetros e custará em torno de US$ 600 milhões, já incluído o custo da ponte ferroviária internacional sobre o rio Paraná entre Foz do Iguaçu e Puerto Presidente Franco.


A Ferroeste também finalizou estudos de pré-viabilidade para a construção de um ramal de Guarapuava ao porto de Paranaguá, que recentemente inaugurou um importante corredor de carnes frigorificadas.

"O primeiro trecho do ramal para Paranaguá ligará as cidades paranaenses de Guarapuava e Lapa [estação Engenheiro Bley]. Essas obras já estão no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)", disse Samuel.


A Ferroeste estuda também a viabilidade de um ramal entre Laranjeiras do Sul (PR) e Chapecó (SC), que permitirá à indústria da carne do oeste de Santa Catarina beneficiar-se com a redução no custo do transporte dos insumos originários do Mato Grosso do Sul e Paraná, bem como transportar por ferrovia o produto final em containeres frigorificados até os portos paranaenses e catarinenses. A ligação ferroviária entre os portos catarinenses pela chamada Ferrovia Litorânea prevê a extensão das linhas ao porto de Imbituba (SC).


As Federações de Indústrias dos Mato Grosso do Sul, do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul defendem a ligação ferroviária entre todos os portos dos estados do Sul.

Com a conclusão do seu projeto de expansão, a Ferroeste será proprietária e operadora de uma malha ferroviária de 1.500 quilômetros, conectando as regiões Sul e Centro-Oeste, bem como o Paraguai, a Bolívia e regiões da Argentina aos portos paranaenses e catarinenses.


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