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Astronauta brasileiro recebeu treinamento intensivo

Alessandra Bastos/Campo Grande News - 30 de março de 2006 - 08:08

O astronauta brasileiro Marcos César Pontes passou por treinamento intensivo antes da viagem à Estação Espacial Internacional que iniciou nessa quarta-feira (29) à noite juntamente com o norte-americano Jeffrey Williams e o russo Pavel Vinogradov. Pontes foi selecionado em 1998 pela Agência Espacial Brasileira (AEB) para participar do treinamento para astronautas da Nasa, a agência espacial norte-americana, nos Estados Unidos. Nos últimos meses, passou a treinar na Rússia para se adaptar à nave Soyuz TMA-8, que decolou da Base de Baikonur, no Cazaquistão.

O militar passou também por uma bateria de exames médicos. Um dos problemas que os astronautas enfrentam no espaço é a rarefação óssea. Quando se está parado aqui na Terra, os ossos e músculos estão fazendo força para sustentar o corpo. No espaço, sem a força da gravidade, isso não acontece. O efeito é comparado à sensação de um braço engessado durante um mês. Quando se tira o gesso, o membro está fraco. É assim que se sentem os astronautas quando voltam à terra.

O médico de Marcos Pontes, Luís Cláudio Lutiis Martins, disse à imprensa que ele não corre esse risco, já que ficará no espaço apenas por dez dias, ao contrário dos outros dois astronautas que ficarão seis meses em órbita.

Para levar Marcos Pontes ao espaço, o Brasil fechou um acordo com o governo russo em outubro do ano passado. O acordo permitiu que a viagem do astronauta saísse por menos da metade do valor cobrado pelos russos. O Brasil está pagando US$ 10 milhões para participar desta viagem. "Isso representa menos de 1% do orçamento anual do ministério. É um custo que o Brasil pode suportar tranqüilamente", afirmou o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, que acompanhou o lançamento do Soyuz TMA-8 no auditório do ministério.

No preço estão incluídos os custos com o treinamento do astronauta, com o vôo até a Estação Espacial, o transporte da bagagem e o canal de voz que será usado para manter contato com o Brasil durante a missão.

O governo brasileiro investe US$ 100 milhões por ano no Programa Espacial, iniciado em 1961. O Brasil é um dos 15 países que desenvolvem programa espacial completo, com construção de satélites para observação da terra e meteorologia, veículos lançadores de foguete. "Agora sim temos um programa espacial completo", comemorou Rezende.

A expectativa brasileira é de que a base de lançamento de Alcântara, no Maranhão, volte a operar no ano que vem. A plataforma foi destruída em 2003, em um acidente que matou 22 pessoas.

Marcos Pontes leva oito experimentos brasileiros para a Estação Espacial Internacional, selecionados entre mais de 50. As experiências são de universidades e centros de pesquisa. Na lista, estão projetos para analisar o efeito da gravidade nas enzimas, nas proteínas, os danos e reparos do DNA na germinação de sementes e no crescimento das sementes de feijão. A expectativa do ministro Sergio Rezende é de que, em um mês, os resultados das pesquisas já possam ser observados.

Depois de desenvolver os experimentos, Marcos Pontes fará um relatório sobre cada um deles. Quando voltar à terra, o relatório será entregue, juntamente com o teste, aos pesquisadores.

O objetivo é que o Brasil desenvolva conhecimento sobre a realização de pesquisa em ambiente quase sem gravidade. Os experimentos levados por Pontes vão permitir, por exemplo, o conhecimento de detalhes sobre eventuais falhas na execução dos oito experimentos. "O mais importante é que ele está produzindo toda essa atenção de milhões de telespectadores e jovens que, esperamos, sejam atraídos para a ciência e para a tecnologia. O Brasil precisa disso para se desenvolver", disse o ministro.

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