“O homem é fruto do meio em que vive”, já afirmava Karl Marx. Neste diapasão, pode-se concluir que os políticos são seres construídos e afetados por este meio, que nada mais é do que a nossa sociedade.

“Mas os políticos são corruptos”, há de afirmar o leitor com o dedo em riste, aproveitando para adjetivá-los com a infinidade de palavras – quase sempre de baixo calão - que está acostumado a proferir quando se pensa em pessoas que ocupam cargo público eletivo.

Devo admitir que as mazelas da política brasileira tem feito o povo duvidar da existência de exceções, ou seja, honestidade na vida pública e política. De tão raro que são as reportagens que externam as virtudes de homens públicos como Rui Barbosa, os “escândalos” são levados pela televisão a nossa casa, como acontecimentos corriqueiros no dia a dia da política nacional.

Mas vamos lá: você, leitor, conhece algum cidadão, não político, que já requereu um atestado médico para faltar em serviço, sem estar realmente doente, ou se aposentou por invalidez e continua a trabalhar, pois inválido nunca esteve? Conhece um amigo que “importou” do vizinho Paraguai, um aparelho “legalizadinho” que permite assistir aos canais via satélite da SKY sem pagar nenhum centavo, e que fica irritado quando tem que ir a um site da internet atrás de novos códigos para destravar o equipamento? Quem sabe já tenha ouvido falar de pessoas que, juntamente com mais dois ou três amigos, adquiriu uma só assinatura de TV por assinatura SKY e solicitou pontos adicionais (que deveriam ser utilizados exclusivamente dentro de uma mesma residência) para cada residência deles, pagando ao final do mês um terço da conta cada um? Alguém que tenha feito “gato” na energia elétrica? Que tenha passado em caixa rápido de supermercado com mais itens do que é permitido, porque estava com muita pressa? Que tenha comprado DVD pirata, ou baixado da internet? Que tenha “colado” na prova? Que usa o programa WINDOWS sem ser original? Que tenha \"vendido\" o seu voto?

Caro leitor; ao responder “sim” a pelo menos um dos questionamentos acima, vemos que os nossos políticos “são frutos do meio em que vivem”. Longe de justificar atitudes imorais e ilegais cometidas por pessoas eleitas pelo povo. Mas é inegável, atualmente, a ausência de valores do que é CERTO e do que é ERRADO.

Enquanto continuar acreditando que atitudes como as acima descritas “não são tão erradas”, jamais se eliminará do seio da sociedade a corrupção, tão marcada na política, mas presente na vida do mais simples brasileiro.