Acaba-se uma novela. Começa-se outra. E assim, cada vez mais, os brasileiros não desgrudam os olhos das telas. Todos já têm uma certa previsão do final: o mocinho ficará com a mocinha; o malvado será morto ou preso; e todos viverão felizes para sempre..
A novela mostra muitas vezes uma realidade que está diante dos nossos olhos, como a violência, a pobreza, a arrogância, o sofrimento. Mas, na TV tudo fica tão mais bonito e emocionante. Não tem o cheiro do sangue do garoto assassinado, e nem o molhado da lágrimas do sofrimento do pai ao ver que a filha está se drogando. Tem a arte, que hipnotiza a todos, e faz com que todos esqueçam que são problemas reais, e que cada um está sujeito. O adultério, em uma novela, é algo emocionante, no cotidiano é melancólico. O racismo na televisão parece estar longe da realidade, mas é muito além do que uma ficção.
As pessoas que acham que a vida é uma novela se chocam com a profundeza da realidade. O problema fica muito maior quando acontece na própria família.
Talvez esse vício “novelístico” se torne bom, quando a pessoa notar que os problemas, que na TV são só ficção, podem acontecer com qualquer um. E, que infelizmente, o sangue é real, o choro é molhado e a tristeza não se acaba, como um final de novela.