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Artigo: Atualidades? Atualize-se!
Muito se reclama da mão pesada dos vestibulares sobre o Ensino Médio. O programa dos exames universitários impõe, em grande medida, o conjunto de conteúdos curriculares das escolas básicas, fazendo com que o currículo se torne inchado e pouco arejado. Bem, essa influência é verdadeira e de resolução complexa, e justificou o surgimento do advento do ENEM e a recente reforma do Ensino Médio proposta pelo Conselho Nacional de Educação.
Mas não é este o tema deste artigo. Vamos falar de um efeito positivo dos vestibulares sobre as escolas, que vem ficando cada vez mais radicalizado. É a questão das Atualidades.
Há algum tempo, Atualidades eram aqueles assuntos ocorridos ao longo dos últimos anos, quando a massa principal dos conhecimentos tratados nas salas de aula tinha décadas ou séculos de existência. Muitas vezes eram tendências genéricas, como a preocupação ambiental ou o esfacelamento do comunismo.
Isso mudou. Em um mundo caracterizado pela inédita velocidade das transformações, o tema Atualidades refere-se a acontecimentos de importância nacional ou planetária que podem ter acontecido há poucas semanas. O mundo não se move mais como lentas jogadas de xadrez. Está mais para uma partida de tênis de mesa, e tirar os olhos da bolinha pode levar ao fim da partida.
Por isso, escolas e alunos que se preparam para os vestibulares de 2011, acautelai-vos, como diriam os antigos. Questão nuclear, mudanças climáticas, terremotos e maremotos, erros nos livros didáticos adquiridos pelo MEC, visita de Obama ao Brasil, bullying, redes sociais, código florestal enfim, os assuntos estampados nas manchetes dos jornais estão na ordem do dia.
Mais do que isso: não serão cobrados nos exames como fatos estanques, que requerem apenas boa memória. Os acontecimentos da atualidade entram nos vestibulares como ingredientes de raciocínios cada vez mais complexos e análises cada vez mais críticas. Como os fatos se juntam? A que passado respondem e em que direção apontam? Vamos além: como eu, indivíduo, desenvolvo um ponto de vista e de que lado esse ponto de vista me coloca nas discussões que envolvem toda a sociedade?
Como se vê, tratar de Atualidades não é apenas incluir mais um capítulo na lista de conteúdos. É reorientar o pensamento pedagógico da Escola e a estratégia das aulas. Isso é muito saudável. Está mais do que na hora de nós, educadores, deixarmos de formar jovens que olham apenas para o passado, mas que sejam capazes de compreender o presente, para mudar nosso futuro.
(*) Fabrício Vieira de Moraes é coordenador pedagógico da Divisão de Sistemas de Ensino da Editora Saraiva (www.sejaetico.com.br / www.souagora.com.br)
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