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Geral

Alcides Silva: Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 09 de novembro de 2012 - 07:27

De novo, virgula no Deonel

Por comodismo e até fadiga – pago no entardecer da vida meu tributo ao tabagismo de quatro décadas -, reproduzo artiguete que escrevi em março de 2000. Parece-me ainda atual, embora necessite de pequena atualização em seu final. Vamos a ele:
Aprendemos na escola e na vida, que a vírgula é um sinal gráfico que se coloca entre orações ou partes de oração para indicar uma pausa. Pausa para respirar; uma pausa fraca.
Será?
Vejamos os exemplos:
1º - Ela escreveu para o irmão que mora no Rio.
2º - Ela escreveu para o irmão, que mora no Rio.
Na primeira frase, sem a vírgula, foi criado um limite, uma restrição: o irmão que mora no Rio. Portanto, ela tem mais de um irmão, mas um deles, mora no Rio.
Na segunda, com a vírgula, foi dada uma explicação: o irmão dela, que é o único, mora no Rio.
Parece complicado, mas não é. Vamos aprender juntos:
Na frase ‘Deonel é um jornalista investigativo’, o termo “investigativo” está qualificando o jornalista Deonel, o que, aliás, é uma verdade indiscutível. É uma das características desse valoroso colega do “Jornal de Jales”. Uma qualidade que lhe dá dimensão única. Um adjetivo.
Posso expressar essa mesma idéia de outra forma: ‘Deonel é um jornalista que investiga’. Esse ‘que investiga’ está mostrando também a qualidade do jornalista, tendo, pois, o valor de adjetivo. O ‘que’ dessa frase é um pronome relativo e sua função gramatical é introduzir uma oração subordinada adjetiva.
Esse ‘que investiga’ limita (restringe) o significado do substantivo jornalista. Não são todos os jornalistas, mas aquele que investiga.
É uma oração subordinada adjetiva restritiva.
Deonel não é um jornalista qualquer; é um que investiga.
Nessas duas frases: (Deonel é um jornalista investigativo e Deonel é um jornalista que investiga) não houve o emprego de vírgula.
Alteremos um pouco o exemplo: ‘Deonel, que mora em Jales, é um jornalista investigativo’.
Pode ocorrer que existam dois jornalistas com o mesmo nome, mas estou me referindo ao que mora em Jales. Esse que da oração ‘mora em Jales’ é um pronome relativo e, como vimos acima, introduz uma oração adjetiva. Essa oração ‘que mora em Jales’ explica que o jornalista investigativo Deonel é o que reside naquela cidade.
Portanto é uma oração subordinada adjetiva explicativa.
Percebeu que essa explicação (que mora em Jales) ficou intercalada por vírgula?
Pois bem. Quando a oração for restritiva não se usa vírgula: irmão que mora no Rio – jornalista que investiga, quando explicativa, vem ligada por vírgula.
Resumindo: sem vírgula (jornalista que investiga) cria-se um limite. Podem existir vários jornalistas com o nome de Deonel, mas a oração está restringindo o conceito a um único deles, o que investiga; com vírgula (Deonel, que mora em Jales) dá-se uma explicação. Podem existir várias pessoas com o nome Deonel, mas a oração está se referindo ao que mora em Jales.
Depois, dizem que a vírgula é uma simples pausa, sem muita importância e seu emprego é regido pela sonoridade da frase. Uma ova!
Um lembrete: nunca separe com vírgula o sujeito do verbo e nem o verbo do complemento. É errado escrever-se “A presidenta, vai anunciar o novo salário mínimo” ou “A presidenta vai anunciar, o novo salário mínimo”. Nessa frase não há uma pausa de entonação. Jamais a separe com vírgula, até porque o salário mínimo já anda tão minguado... que qualquer corte, por mais insignificante, até mesmo de uma vírgula, poderá levá-lo “pro brejo”...

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