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Política

AMPLAVISÃO - Os equívocos e desencontros da derrota de Beto Pereira

Manoel Afonso faz um apanhado das eleições em MS e no Brasil

Manoel Afonso, comentarista político da Record MS - 11 de outubro de 2024 - 05:41

EQUÍVOCOS:  É natural o questionamento das causas da derrota de Beto Pereira (PSDB), sem tirar o notório mérito de Adriane (PP) de Rose (União Brasil). No saguão da Assembleia o assunto foi o prato da semana. Os pontos de vista coincidiram e o fator ‘salto alto’ de Beto foi unanimidade.  Interpretaremos aqui as opiniões de deputados, assessores e jornalistas.

A PRIMEIRA: Os postulantes (prefeito e vice) eram os que mais aglutinariam apoio popular? O deputado Beto foi escolhido sob qual critério? A mesma pergunta é em relação ao nome da vice Neidy que pouco acrescentou.  Há quem diga que o secretário Jaime Verruck teria sido o nome ideal, pela sua imagem como gestor técnico, sem críticas que arranhassem seu currículo.

SEGUNDA: Se na política a versão vale mais que o fato, o candidato Beto falhou na tentativa de desqualificar as notícias envolvendo sua gestão em Terenos e aquelas de supostos fatos no Detran em seu proveito. Pelas matérias de sua defesa as névoas no imaginário fértil ou maldoso influenciaram em parte do eleitorado indeciso.  Visível o desgaste.

TERCEIRA:  A busca obstinada pelo apoio do ex-presidente Bolsonaro para aglutinar líderes  locais do Partido Liberal não rendeu os frutos desejados. Bolsonaro não compareceu e até no programa eleitoral ficou patente o desconforto e desalinhamento entre os candidatos das duas siglas. Portanto, a tentativa de alinhar o PSDB ao PL não convenceu. Um bumerangue.

QUARTA:  O candidato Beto – com maior tempo de propaganda, pode alongar suas exposições sobre seu projeto de governo. Mas exagerou na dose e na abordagem. Comparável a um personagem (herói de quadrinhos) que tudo pode e resolve no estalar de dedo. Naturalmente que o eleitor deve ter ficado desconfiado e foi ficando com o ‘pé atrás’. Promessas demais…

QUINTA: As participações de outras lideranças notáveis no horário eleitoral foram incipientes e raras ao longo da programação no horário eleitoral. Caso específico do governador Riedel que ao seu estilo sóbrio e técnico limitou-se, educadamente pediu o voto para Beto Pereira.  Pelo teor do texto e sua interpretação linear pode não ter sensibilizou o eleitorado.

SEXTA:  A participação do ex-governador Puccinelli (MDB) rendeu críticas. Uns entendem que foram inoportunas suas declarações ainda lá no lançamento da candidatura tucana, quando se declarou o ‘padrinho político de Beto’. Outro fato emblemático foi o vômito dele André em seu discurso no evento. Um coadjuvante em baixa tentando virar protagonista.

SÉTIMA:  “Diga-me com quem andas…” – Apesar do apoio declarado de Puccinelli, Beto pecou ao criticar a chamada ‘política velha’, postando-se como símbolo da renovação.  Mas ele esqueceu que é fruto da política antiga; pelo fato de ser descendente do fundador da capital, do avô ex-prefeito de Terenos e do seu pai – deputado, secretário de estado e senador.

ARREMATE:  Beto tem seus méritos. É novo, já percorreu parte do caminho, mas precisa adotar a humildade, ouvir e repensar as relações para caminhar com luz própria.  Se a vida é um aprendizado, que ele assimile essa derrota e a tome como lição valiosa. Figuras históricas assim agiram após cometerem equívocos e  depois acabaram vencedores. Faça isso!

DROPS POLÍTICOS: Deputado Gerson Claro (PP): Homenageado pelo Tribunal Regional do Trabalho juntamente com o governador Riedel e o deputado Roberto Hashioka. O ‘Republicanos’: saltou de 16 para 51 vereadores no estado e elegeu 4 vice- prefeitos. Mérito  do deputado Antonio Vaz…Sem espaço, o deputado Geraldo Resende, sairá do PSDB mas ainda sem destino certo. Seu  projeto  é eleger a filha deputada estadual…Deputada Mara Caseiro (PSDB) saiu forte das eleições, ocupará o espaço de Geraldo Resende  e consolida a candidatura a Câmara Federal… Deputado Pedro Caravina (PSDB), ( tirou Bataguassu do anonimato)  é outro que agigantou-se neste pleito onde elegeu 12 prefeitos e 60 vereadores. !..Londres Machado (PSDB) Com as derrotas em Fatima do Sul e de sua filha Graziella na capital, pode colocar ponto final em sua carreira política…Deputado Paulo Duarte (PSB): motivado com sua vitória maiúscula de Corumbá feliz com a receptividade de seus projetos ‘pró Pantanal’ junto ao Governo Estadual…Deputado Lídio Lopes (Patriota): conciliou o mandato com apoio a candidatos de vários municípios, reforçando sua base política para 2026. Articulado…João Catan (PL): Segue firme em suas convicções ideológicas acredita no crescimento da sigla também no MS…Lucas de Lima: presidente da Comissão de Saúde continuará visitando os hospitais da capital para aferir suas condições e necessidades de recursos oficiais.   Rafael Tavares (PRTB) primeiro deputado cassado pela Assembleia Legislativo lavou a alma com 8.128 votos (2º mais votado) para a Câmara da capital…Deputado José Teixeira comemora a vitória de seu candidato Marçal Filho em Dourados….Deputado Rodolfo Nogueira saiu fortalecido com a eleição de sua mulher Giani – vice-prefeita de Marçal…Marquinhos Trad  de volta ao cenário político e calçando as sandálias da humildade. Não duvidem dele.

OS MAIORAIS:  Relação dos partidos que mais elegeram prefeitos: com 878 prefeituras o PSD – em 2020 elegeu 659 – desbancou o MDB que agora elegeu 847 contra 790 em 2020. Em  seguida vieram PP (743) – União Brasil (578) – PL (510) – Republicanos (430) – PSB (309) – PSDB (269) – PT (248) – PDT (148) – Avante (135) – Podemos (122).

VEREADORES:  PMB elegeu 8.113 – PP 6.953 – PSD 6.624 – União Brasil 5.490 – PL 4.901- Republicanos 4.649 – PSB 3.593 – PT 3.130 – PSDB 3.002 – PDT 2.503 – PODE 2.329 – Avante 1.525 – PRD 1414 – Solidariedade 1.251 – PV 488 – Cidadania 437 – Mobiliza 360 – Pc do B 354 – Agir 296 – Novo 263 – DC 253 – Rede 172 – PMB 109 – PRTB 97 – PSOl 80.

UM BAILE:  O PT elegeu só 3 prefeitos das 645 cidades paulistas (Matão, Lucianópolis e  Lucianópolis).  O campeão foi o PSD com 205, seguido do PL com 103 – Republicanos 84 – MDB 66 – PP 49 –  União 34 – Podemos 29 – PSDB 22 – PSB 11 – Cidadania 5 – PDT 4 – Solidariedade 4 – Novo 3 – Avante 2 – PRD 2 – Mobiliza1. O PT disputará o 2º turno em 13 cidades, sendo 4 capitais.

‘TUCANISTÃO’:   Às vésperas de sua ‘implosão, o PSDB mostrou força ao eleger 44 prefeitos, reafirmando assim sua liderança estadual. Enquanto isso o PP elegeu (até aqui) 15 prefeitos, o MDB apenas 10, o Partido Liberal elegeu 5, o PSD 3 e o PSB somente um.  O PT que governa Ribas do Rio Pardo não elegeu ninguém com a derrota do prefeito João Daniezi.

COMPARANDO: O bolsonarista Lucas Pavanato (26) foi o candidato a vereador mais votado de São Paulo (161 mil votos), contrastando com a esquerda desconectada da juventude. No lugar da estrela vermelha no peito, jovens paulistanos optaram em fazer o ‘M’ nas urnas. Pablo Marçal não é fruto do acaso – o PT apelou por Martha Suplicy, que foi prefeita há 20 anos. Faça-me o favor!

FOCLÓRE:  Índio não quer só apito. Candidato visitava aldeia, e na reunião os mais diferentes pedidos que o assessor ia anotando. Ao final, veio a inevitável cantada por dinheiro vivo. Na tentativa de escapar da ‘mordida’ o deputado alegou estar ‘duro’. Mas prontamente, mostrando um papel com anotação, um índio disse: Esse é o meu PIX.

INTERROGAÇÃO  Como será a montagem do futuro PL aqui no estado dentro do projeto de eleger senadores e deputados federais? O ex-governador Azambuja ainda não deu detalhes da futura composição com o pessoal que é ‘raiz do PL’. Aliás, ele também evitou abordar o desempenho do candidato tucano na capital. Ausência estranha.

PERA-LA!  A presidência da Assomassul não é passaporte carimbado para deputado estadual como muitos prefeitos eleitos estão imaginando. É preciso ter algo mais para fazer do cargo um trampolim para projetos políticos. E tem também a questão partidária. Aquele que for articulado e com o apoio do Parque dos Poderes terá maiores chances. Mas é uma eleição. Sabe como é….

PONTO FINAL:

.Eleição não é passeio de iate – nem festa de casamento. É guerra!

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