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Terezinha Tagliaferro conta histórias da vida comum: o bom coração de Joaquim

Terezinha Tagliaferro, de Malta - 19 de setembro de 2010 - 09:05

No tempo que dava aulas de alfabetizaçao para adultos eu falava muito com eles.A experiencia tinha me ensinado que so é possivel segurar um aluno adulto na sala de aula se ele realmente for interessado.Veja bem, a noite ele ja esta cansado.Muitas vezes ja sofre de alguma doença cronica e além do mais ele é livre pra tomar suas decisoes.Ja nao tem o pai e a mae que os obrigam a nada.E por isso que eu digo que se ele nao tiver interesse ele nao continua a estudar.E como despertar esse interesse? Se interessando pela vida dele.Nao se esqueça que ele ja tem um grande passado e nessa vivencia ele tem muita historias armazenadas, e por incrivel que pareça, ele gosta de contar.Afinal é o mundo que ele conhece.
Apos terminar a liçao do dia eu ficava batendo papo com o grupo que estava a fim de conversar.Era uma festa.Muitas vezes alguém queria demonstrar seus talentos culinarios e acabava trazendo um bolo ou um pao feito em casa..... Entao, apos aula nos sentavamos para saborear.
Acontece que no inicio participam aqueles mais disponiveis e depois os mais timidos vao se misturando até formar uma grande familia.
Foi assim que conheci a historia do sr. Joaquim.Vinha ele e a esposa para as aulas.Ele trabalhou a vida toda na roça e ainda trabalhava.So que naquele tempo ele deixou de morar na fazenda onde era empregado porque eles possuiam um terrreno nos arredores da cidade e decidiram construir ali uma pequena casa, assim ficaria mais facil para os filhos irem a escola .A casa foi construida pouco a pouco, com mil dificuldades, até que foi possivel morar nela.De manha ele ia de cavalo para a fazenda.La pelas 17h. ja estava de volta e dava tempo de ir pra aula.Como ja estava com uma certa idade o serviço dele era apenas controlar a caldeira do Seminario.Viveu toda a vida no meio de Padres e ele mesmo nao queria saber de religiao.Tinha la os seus motivos, mas era de um coraçao tao bom que nunca vi igual.
Os Padres deram licença pra ele cortar lenha da fazenda e vender, assim ele poderia fazer um pouco de dinheiro a mais, pois a familia era numerosa e so com salario minimo ele nao conseguia chegar ao final do mes.
Entao, o sr. Joaquim aos domingos cortava a lenha e vendia por metro ali na vila onde morava e vendia sempre afiado.Quando chegava o dia de receber, sempre era a esposa que recordava e insistia pra ele ir. Ele ia, mas era a coisa mais dificil quando dava certo de voltar com o dinheiro.Ele nao tinha coragem de cobrar.Quando chegava em casa a esposa ficava nervosa, pois estava esperando o dinheiro pra também comprar as coisas que necessitavam.E o Sr. Joaquim dizia: \\\" Nina, este era o nome da esposa dele, como posso insistir pra receber o dinheiro da lenha que ja usaram, ja queimaram e eu escuto la de fora a criança chorar pedindo leite e eles nem tem o dinheiro para o leite?\\\" Tenho certeza que se ele tivesse acabaria doando.
E, meus amigos, a vida para certas pessoas é mesmo um calvario.So é possivel entender quem ja passou pelo mesmo caminho ou pelo menos teve a oportunidade de ver como essas pessoas vivem.A falta de conforto é responsavel por muitos desajustes.Coisa que uma pessoa de um nivel melhor faz em poucos minutos, essas pessoas demoram o dia todo pra conseguir, tamanho é o sacrificio.Eis porque, tem muitos casos que essas pessoas se desiludem da vida, perdem o animo, se sentem cansadas de tantos insucessos.Perdem a coragem de lutar.
O sr. Joaquim viveu sempre do modo mais simples.Nunca viajou.So conheceu algumas cidades vizinhas.Nunca teve a oportunidade de conhecer a dimensao do mar ou conhecer a altitude do Himalaia, nunca viu um aviao de perto e nem viu o rumor e a correria das grandes cidades, mas era uma pessoa serena e feliz.
Isso tudo me faz refletir muito.Muitas pessoas passaram por este mundo e nao o conheceram, mesmo assim, viveram felizes.Outros o conheceram até demais e sao pessoas infelizes.Onde esta o sentido de tudo isto? Como é que se deve compreender estas situaçoes? Meu marido dizia que : \\\" Cada um é feliz de acordo com o tamanho do seu copo.\\\"Ninguém é infeliz por aquilo que nao sabe que existe.\\\"
Agradecemos a Deus por tudo aquilo que tivemos a oportunidade de conhecer, pelas novas possibilidades que apareceram na nossa vida, pelas amizades que fizemos e nos ajudaram a crescer, por tudo enfim, por aquilo que somos e temos e nao se esqueçam que um dia devemos prestar contas ao nosso Criador de todos os talentos que recebemos.Nao o interramos, mostramos ao mundo as coisas boas para que sirva de exemplo.Colocamos a nossa luz bem no alto, nao por orgulho ou como troféu mas pra servir de orientaçao aos menos favorecidos porque a quem Deus deu muito, muito lhe sera cobrado.Confio em voce.


Terezinha de Jesus Tagliaferro




































Terezinha de Jesus Tagliaferro.

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