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Leia: Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 27 de julho de 2007 - 07:05

Língua portuguesa, inculta e bela
Alcides Silva
Reputação

Reputação é fama, bom nome, estima, celebridade, renome, bom crédito.
Tenho tentado mostrar palavras que na sua evolução histórica passaram a ter acepções depreciativas, má reputação, em comparação ao conceito inicial. Falei que ingênuo, primitivamente, era o filho legítimo e hoje, o cidadão que facilmente se deixa enganar.
Muitas outras – e quantas! – tiveram também evolução torpe ou desagradável, como, por exemplo, luxúria, do latim luxurìa,ae superabundância, excesso, luxo, e hoje, dissolução, libertinagem, comportamento desregrado nos prazeres carnais ou apetite sexual desmedido; orgia, para os antigos gregos era o nome do culto e das festas em honra ao deus Dionísio, e para os romanos, as celebrações do deus Baco. Como nesses festejos de antanho se comia e se bebia imoderadamente, a palavra passou a designar todos os festins ou ocasiões em que prevalece a satisfação dos apetites sexuais e das paixões exageradas.
Um bom número de outros termos, porém, ganharam boa reputação, isto é, denotações menos desagradáveis e conceitos meliorativos de significação, como por exemplo, barão, do latim baro, baronis, que primitivamente designava o estúpido, o tonto, o néscio, o homem rude (Cícero: De Finibus, 2,76). Posteriormente, o homem livre, o varão (varo, varonisbarão (ou varão) era o senhor da terra. ‘As armas e os barões assinalados’ é verso inicial do poema épico de Camões. ‘Armas’, feitos militares ‘barões assinalados’, as pessoas de destaque, os varões ilustres, os poderosos. Depois, barão passou a ser um título de nobreza – título nobiliárquico, como se diz na linguagem oficial - com que designava pessoa influente e notável pelo valor, pela posição ou pela riqueza.
Chanceler tem origem no latim cancellarìus, porteiro. Ainda hoje cancela, na linguagem rural, é a porteira. De porteiro, o termo passou a designar quem prestava serviços aos reis e aos poderosos, exercendo cargo de confiança, como o de secretário. Posteriormente, o termo foi se enobrecendo e chanceler era o funcionário dos consulados e das embaixadas. Hoje, em alguns países, como no Brasil, chanceler é o ministro das Relações Exteriores. Em outros, é o chefe do governo.
Conde (no latim comes, comitis, era o companheiro, o fâmulo de um príncipe ou de um soberano. Comitem > comite > comte> conde foi a evolução lingüística do termo. Condado era a terra dada ou designada pelo rei a um nobre, para que este ali exercesse a jurisdição civil, penal, política e militar, o jus vitae et neci, isto é, o direito sobre a vida e a morte.
E já que estamos falando em reis, condes, barões e nobreza, é bom lembrar que a palavra corte, hoje, a residência de um monarca, não nasceu com essa dignidade. Para os romanos, cors, cortis era o estábulo, o curral, a pocilga, o redil das ovelhas, o galinheiro, enfim qualquer parte do terreno da casa, ou quinta, onde eram criados os animais domésticos. Depois, significou a tropa militar, as hostes. Na Idade Média, designava o local de recreio, a casa de campo e, por último, a residência (palácio) de um soberano e, por extensão, o conjunto de pessoas que freqüenta o palácio ou que acompanha o monarca. O séqüito, o cortejo real; o grupo de casas que são erguidas ao redor do palácio; a cidade onde reside o rei ou o imperador.

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