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Verminose bovina: ocorrência e controle estratégico

Acrissul - 17 de agosto de 2005 - 14:29

O documento nº 7 da Embrapa Gado de Corte, de Campo Grande, elaborado pelos pesquisadores Ivo Bianchin e Michael Robin Honer apontam que os efeitos dos helmintos sobre os bovinos dependem da espécie e do grau de infecção, o qual, por sua vez, depende de diversos fatores, tais como as condições climáticas, solo, vegetação, tipo de exploração, raça e idade do animal, e o tipo de pastagem. Segundo a informações do trabalho, quando maciças, as infecções podem causar a morte dos animais, como no Sul do País, onde chega a atingir a taxa de 10%. No entanto, nas criações extensivas de bovinos de corte, no Brasil Central, a mortalidade é baixa (2%) e a verminose se manifesta, principalmente, contribuindo para o baixo índice de crescimento dos animais. Animais sujeitos a uma criação mais intensiva são forçados a se alimentar sem muita seletividade e próximos aos bolos fecais. Isto faz com que adquiram cargas maiores de vermes, o que, somado ao fator nutricional, leva a uma quebra de imunidade e maiores percentuais de mortalidade.

Os pesquisadores concluíram que o controle estratégico da verminose bovina é, por definição, preventivo e seus efeitos são notados somente a médio e a longo prazos. Para se chegar a um controle eficiente e econômico é necessário estudar a epidemiologia dos helmintos nas diferentes regiões ecológicas e, desta forma, conhecer melhor a dinâmica dos helmintos no animal e na pastagem.

Neste sentido, os resultados de pesquisa na região Central do Brasil indicam que o melhor esquema de controle deve englobar o período seco do ano. “Observa-se que a maior parte das estações meteorológicas (65,1%) mostra uma estação seca nos meses de junho, julho e agosto (JJA). A área física incluída na estação seca de JJA abrange os Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Rondônia, Acre, região centro-sul do Amazonas, Pará, Maranhão, grande parte do Piauí e Bahia, a maior parte do interior de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. A estação seca de JJA inclui grande parte do Brasil Central, onde se encontram 50%-60% do rebanho nacional, ou, aproximadamente, 74 milhões de bovinos”, diz o estudo.

Os pesquisadores indicam que o uso estratégico de anti-helmínticos nos meses de maio, julho e setembro, na faixa etária do desmame aos 24-30 meses, poderia ser aplicado em toda esta área, modificando-o se alguma particularidade local assim o exigir. Em resumo, isto proporcionaria uma redução de 2% em mortalidade e um ganho médio de 41 kg de peso vivo por animal, no abate. O desempenho financeiro de dosificar os animais três vezes ao ano (maio, julho e setembro) proporciona, em dois anos, um retorno de 457,46% sobre o custo da aplicação do anti-helmíntico. Por fim, cabe ressaltar que a adoção da dosificação estratégica não enfrenta restrição quanto aos sistemas de produção em uso pelos produtores, uma vez que, em essência, é uma questão gerencial, não exigindo qualquer investimento adicional.

Fonte: Publicado na Folha do Fazendeiro, Agosto

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