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Por amor, bombeiros treinam para serem os melhores em salvar vidas

G1 MS - 01 de julho de 2016 - 16:36

Duas equipes de MS se preparam para seletiva para campeonato mundial (Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS)
Duas equipes de MS se preparam para seletiva para campeonato mundial (Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS)

A rotina de um bombeiro militar é puxada. Plantões de 24 horas, situações de risco e a convivência de perto com a morte são alguns fatores que aumentam a tensão no dia a dia. Mas o amor pela profissão motiva um grupo de bombeiros de Mato Grosso do Sul a treinar ainda mais em busca do aperfeiçoamento.

Eles querem ser os melhores em salvar vidas no Brasil. Para isso, duas equipes treinam em Campo Grande de olho em uma seletiva nacional para o campeonato mundial de salvamento veicular, o WRC (World Rescue Challengue). Pela primeira vez, o Brasil vai sediar a competição internacional em outubro de 2016 e equipes de 22 estados buscam a classificação para representar o país.

Mato Grosso do Sul prepara duas equipes para a disputa, que será entre os dias 5 e 9 de julho, em São Paulo. Mais do que reconhecimento na área, os bombeiros querem ganhar experiência, segundo o tenente Vinicius Barbosa Gonçalves, comandante de uma das equipes.

“Uma série de fatores faz a gente querer participar. Quando você faz aquilo que gosta e tem amor pela profissão, você vai buscar se aperfeiçoar naquilo, vai buscar melhorar seu atendimento. É isso que motiva a equipe: a paixão pela profissão e querer se aperfeiçoar, melhorar as técnicas, oferecer o melhor atendimento e poder passar isso pra outros bombeiros”, afirmou ao G1.

O tenente Vinícius está na corporação há 6 anos e diz que é quase impossível não se apaixonar pela profissão. “É difícil ver uma pessoa que fala que vai entrar no Corpo de Bombeiros para ganhar dinheiro. É difícil entrar e não se apaixonar porque é uma profissão muito boa mesmo, o fato de você ajudar outra pessoa é muito gratificante. Tenho certeza que muitos aqui [da equipe], se você perguntar se eles seriam bombeiros voluntários mesmo não ganhando nada, muitos falariam que sim e eu seria um deles. Se precisasse de mim para trabalhar eu iria”, ressaltou.

Treinamento
É no pátio de veículos do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran/MS) que as equipes simulam situações de acidentes com vítimas. Os treinamentos são diários, de manhã, tarde e noite. Carros sucatas que serão leiolados são usados para montar as cenas da batida. Uma empilhadeira ajuda a mover os carros e reproduzir os cenários usados na competição mundial.

O G1 acompanhou um dia de treinamentos das equipes. O desafio era resgatar em 20 minutos uma vítima dentro de um carro que estava parcialmente embaixo de outro veículo. Foi simulada uma colisão frontal, com vítima presa em ferragem. A equipe composta por 7 integrantes tem funções divididas. Enquanto um bombeiro técnico em saúde e o médico atendem a vítima ainda presa no carro, os outros componentes da equipe trabalham para facilitar o acesso à vítima.

Eles fazem a quebra controlada dos vidros do carro e usam desencarcerador para abrir a lataria e fazer o primeiro atendimento ainda dentro do veículo, para depois retirar a vítima. Durante o trabalho, o comandante da equipe organiza cada ação e motiva a equipe. Ele também é responsável por controlar o tempo e avisar quase que minuto a minuto.

A simulação só termina quando a vítima é atendida na prancha de imobilização fora do carro. Depois disso, a equipe se reúne e faz uma autoavaliação do atendimento. Nesse hora, eles discutem as técnicas e buscam melhorar na próxima simulação.

Interação
Cada equipe tem 7 integrantes, entre bombeiros e médicos, e a interação dos profissionais é um dos critérios avaliados pelos juízes. Atualmente, o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul não tem médicos, por isso, foram chamados profissionais do Samu e da CCR MSvia, concessionária que administra a BR-163 no estado, para integrar as equipes.

A competição tem três categorias, de 10, 20 e 30 minutos de resgate e a premiação é em materiais de trabalho. A atuação em conjunto das três instituições é um dos pontos positivos dos treinos e quem ganha com isso é a população, segundo o médico Djalmir César, coordenador regional do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

“A gente tá buscando para muito em breve estar fazendo essa atividade de salvamento integrado, não com um, ou dois médicos, mas vários médicos trabalhando integrados porque é uma atividade que a população precisa e quanto mais integrado e mais junto estiver nosso trabalho melhor a qualidade [...] Quem ganha é a população, o maior beneficiado é quem pode precisar de um atendimento desses porque os acidentes têm sido cada vez piores. O que estamos discutindo é o tempo de acesso à vítima e o tempo de acesso do médico à vítima", explicou o médico.

Ele ressalta a importância do trabalho dos bombeiros no desencarceramento da vítima, termo usado para a ação de retirar a pessoa ferida que estiver presa nas ferragens do carro.

"Os bombeiros sempre acessaram de maneira rápida porque têm as condições de acesso, de roupa totalmente diferenciada porque tem vidro, tem fragmento de metal, tem outras condições. O que estamos fazendo aqui é uma coisa que não existia para nós, que é trabalhar no tempo zero, ou seja, quando eu vou entrar no carro tem um técnico do bombeiro da área de saúde que entra junto comigo, enquanto isso, o pessoal está trabalhando para abrir o veículo de forma que você possa retirar a vitima, mas a equipe de saúde já está trabalhando lá dentro faz horas e isso é um ganho espetacular", ponderou.

Segundo dados do Detran/MS, Campo Grande registrou 3.283 acidentes de trânsito de janeiro a maio, uma média de 21 acidentes por dia. Pelo menos 2.705 pessoas ficaram feridas e 16 morreram.

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