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Pesquisas revelam que o açafrão ajuda no combate à depressão

Portal Saúde - 09 de agosto de 2015 - 14:00

Cobiçada por chefs e degustadores gastronômicos, a cúrcuma — mais conhecida como açafrão-da-índia ou simplesmente açafrão — tem uma função que vai além de colorir e realçar o sabor das refeições. Pesquisa feita na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, indica que o consumo do pó amarelo, obtido da raiz de uma planta asiática, é um importante mecanismo para prevenção de um recorrente problema psiquiátrico. “Realizamos durante alguns meses um procedimento com animais e ele se mostrou capaz de reduzir comportamentos semelhantes aos da depressão”, diz a nutricionista Gizele Barankevicz, responsável pelo estudo.

A primeira etapa da pesquisa consistiu em um teste para verificar o potencial antioxidante do açafrão. Já se sabia que o pó amarelado favorece o combate aos radicais livres — responsáveis por desencadear e potencializar doenças ligadas ao envelhecimento. A partir desse resultado, iniciou-se a etapa com animais. Ratos foram submetidos a uma situação de estresse ao longo de seis meses, por meio de natação forçada. As cobaias eram colocadas em um tanque de acrílico, em formato cilíndrico, com água, e tinham que se locomover. A mobilidade variou muito entre os bichos que ingeriam a cúrcuma e os que não.

Segundo Barankevicz, o segundo grupo permaneceu imóvel, com um comportamento típico de deprimidos. No entanto, os ratos que consumiam o açafrão nadaram para tentar se livrar do problema. “Os que não receberam o produto não tinham estímulo de fuga, se tornando imóveis. Esse é um comportamento típico depressivo. Quando são submetidos a situações estressantes, os deprimidos acabam as aceitando porque não têm estímulo. A cúrcuma serviu como um estímulo”, explica a nutricionista.

A pesquisa foi orientada pela professora Jocelem Mastrodi Salgado, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da USP. Houve parceria com a Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Diante da necessidade de estudar compostos bioativos em alimentos de origem vegetal, o trabalho terá prosseguimento em março. Desta vez, como parte do doutorado de Gizele Barankevicz.

Efeito no fígado
Na nova etapa do estudo, a nutricionista vai avaliar a citotoxicidade do consumo da cúrcuma. Isso porque, toda vez que se trabalha com um alimento ou medicamento, é necessário verificar se ele causa algum efeito colateral no fígado. Segundo Barankevicz, as quantidades usadas nos ratos não trouxeram qualquer sintoma negativo, mas, agora, é preciso analisar uma porção maior, pensando em como ela agiria em humanos. No doutorado, também será estudada a ação de alguns neurotransmissores em cérebros animais. Há pesquisas que indicam que o açafrão tem um efeito neuroprotetor.

Sobre o uso do açafrão em medicamentos, a nutricionista afirma que deve ser tratado no âmbito médico, até porque a linha de pesquisa conduzida por ela é focada nos benefícios que podem ser trazidos pelos alimentos, incluindo a prevenção de doenças. Mas Barankevicz lembra que há estudos envolvendo até o uso de cápsulas de curcumina — feito a partir da cúrcuma — para algumas doenças. Sabe-se que a substância tem, por exemplo, um forte componente anti-inflamatório.

"Quando são submetidos a situações estressantes, os deprimidos acabam as aceitando porque não têm estímulo. A cúrcuma serviu como um estímulo” - Gizele Barankevicz, pesquisadora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP

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