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Municípios do RS e de PE decretam estado de emergência

Keite Camacho - Agência Brasil - 04 de janeiro de 2005 - 14:17

Pelo menos 20 municípios do Rio Grande do Sul estão em situação de emergência por causa da seca que atinge o norte e o nordeste do estado. Além disso, 42 municípios do sertão e do agreste pernambucano decretaram estado de emergência e recebem carros-pipa para amenizar a situação.

João Amorim, gerente do Programa Um milhão de Cisternas, da organização Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), afirma que a situação é crítica e que entidades da região do semi-árido preparam uma mobilização. Segundo Amorim, houve chuvas isoladas em regiões do semi-árido como Paraíba, Bahia e Ceará mas não suficientes para resolver o problema. "Estamos vivendo mais um período de estiagem com conseqüências drásticas. Isto porque a área de armazenamento de água é pequena, não houve produção de grãos e, por isso, os municípios começam a decretar calamidade. Se não houve a safra de milho, feijão e mandioca para que as famílias armazenassem, a miséria é iminente porque não se tem grãos para comer durante o ano", explica.

A ASA reúne 800 organizações do Nordeste brasileiro e do Norte de Minas Gerais e busca mobilizar as famílias e grupos envolvidos com os efeitos da seca. A idéia, segundo Amorim, é negociar com o poder público para que tome providências. "Por exemplo: para quem tem cisterna e não chove, é preciso abastecê-la com água limpa e potável dos grandes reservatórios. Se falta grãos porque não teve safra, é preciso conversar com prefeitos, deputados, ministros e todos os níveis do poder público, porque as famílias não podem ficar esperando nem morrendo de fome. Enfim, criar frentes de trabalho voltadas para a agricultura familiar, para armazenamento de água e produção de alimentos", disse.

Para Amorim, práticas como a distribuição de carros-pipa são nocivas e perversas. "O poder público local faz questão de manter isso porque, em vez de construir reservatórios, como as cisternas do Programa Um Milhão de Cisternas, prefere fazer um pequeno tanque aberto em algumas comunidades e ficar fornecendo carro-pipa para manter o seu curral eleitoral, a dependência. Isso ainda continua acontecendo porque nem todas as famílias do semi-árido têm sua cisterna individual. Com os carros-pipa se gasta muito dinheiro pois estes, geralmente, são alugados da própria prefeitura, de filhos de prefeitos, vereadores e gera dependência grande", ressaltou.

Segundo ele, o objetivo do programa Um Milhão de Cisternas, uma parceria da ASA com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), é fazer com que cada família tenha o seu reservatório de 16 mil litros de água e que possa sustentar a família durante os oito meses de estiagem. "No ano passado, tivemos quatro vezes mais chuvas do que o esperado e num tempo muito concentrado. No entanto, não havia reservatórios suficientes para a armazenagem", disse.

Com a ajuda do MDS, a ASA financiou desde julho de 2003, quando foi lançado o programa, a construção de 60 mil cisternas com mais de R$ 70 milhões do Programa Fome Zero e da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). De acordo com Luís Anselmo, diretor de gestão integrada de política de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, o ano de 2005 contará com cerca de R$ 75 milhões para a construção de mais 50 mil cisternas.

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