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MMX quer estimular produção de eucalipto no Estado
Um produto de boas rentabilidade e adaptação ao ecossistema sul-mato-grossense. Sob essas óticas, a cultura de eucaliptos foi apresentada a produtores rurais de quatro municípios pela MMX neste sábado, durante um Dia de Campo no Viveiro de Mudas que a siderúrgica mantém em Anastácio. Cerca de 80 pessoas, envolvendo grandes e pequenos produtores e até mesmo personalidades do Estado como o ex-governador Zeca do PT e o secretário municipal de Saúde da Capital, Luiz Henrique Mandetta ouviram considerações de um especialista sobre a produção florestal. Tão importante quanto, a MMX também apresentou sua necessidade de florestas, a serem transformadas em carvão vegetal, para abastecer a siderúrgica de Corumbá.
O projeto do pólo minero-siderúrgico ganhou corpo nos últimos anos, envolto na polêmica ambien tal: de onde sairia o carvão para aquecer os alto-fornos da empresa? A resposta, na MMX, passa ao longe da exploração de carvão produzido a partir de espécies nativas, focando-se na aquisição de áreas e, agora, nas parcerias com produtores para o plantio de florestas. Serão necessários 34 mil hectares de eucalipto para conseguir o carvão que tornará o pólo metálico uma realidade.
Adquirir todas as áreas para o plantio se tornaria dispendioso, principalmente com a recente valorização de terras no Estado (causada justamente pela procura de empreendimentos madeireiros e sucroalcooleiros). Decidiu-se, então, buscar parcerias com os produtores, para utilizar áreas hoje dedicadas a outras culturas. Não temos a intenção de comprar toda a terra que precisamos, por isso buscamos as parcerias, declarou Antônio José, gerente Florestal da MMX. É a oferta de uma grande oportunidade, emendou.
Tal oportunidade, segundo ele, aparece na rentabilidade oferecida pela cultura de eucaliptos que pode chegar a R$ 540 reais ao ano por hectare, conforme projeções da siderúrgica. Futuramente, a MMX planeja investir no setor em proporção maior à demanda do pólo corumbaense. Hoje, a necessidade principal está no combustível para se produzir ligas metálicas.
A lucratividade é um grande apelo para a produção florestal. Mas, em paralelo, surge com dúvidas quanto à agressividade do eucalipto ao meio ambiente. Para tais esclarecimentos, foi convidado o professor José de Castro Silva, da Universidade Federal de Viçosa/MG, especialista em Tecnologias de Produção Florestal. Ele não negou a existência de riscos, que conforme Silva existem em todas as atividades.
Com o manejo correto, é possível explorar o eucalipto sem agredir o meio ambiente. Os riscos existem caso a cultura seja desenvolvida sem o uso das técnicas adequadas, pontuou o especialista. O eucalipto é plantado em mais de 100 países, emendou. Silva ainda teceu elogios à planta: segundo ele, a árvore adulta consome três vezes menos água do que espécies nativas e causa o esgotamento do solo nos três primeiros anos de vida. Nos quatro anos seguintes, o eucalipto começa a repor parte do que utilizou.
Produtores Engenheiro agrônomo por formação, o produtor rural Alexandre Scaff foi o primeiro parceiro da MMX no plantio de eucalipto. Há um ano, mantém na fazenda Boa Esperança, em Anastácio, 530 hectares com as árvores. São 450 hectares com a MMX e outros 80 meus. Eu já tinha interesse na época em que a pecuária entrou em crise, e pretendia plantar 50 hectares. Fui procurado pela empresa e uni o útil ao agradável, explicou.
O contentamento com a experiência levou Scaff a planejar o aumento da área cultivada. Foi excelente. Tive um ganho de R$ 300 por hectares ao ano com a venda antecipada da produção, mas o valor chega a R$ 400 sem a antecipação. É bem acima do que a pecuária rendia, destacou.
Para Jovenal Vieira dos Santos, o eucalipto ainda é uma novidade. Pequeno produtor de Nioaque, mantém 20 vacas leiteiras em uma área no município. Hoje o setor não está muito bom. Falta apoio técnico e mercado. O preço está melhor do que no ano passado, mas o insumo também subiu, queixa-se. Aqui, queremos ver se tem algum projeto da MMX para a agricultura familiar. Pode ser uma possibilidade para a gente, disse.
Na mesma linha, Mauro Takashi quis obter informações sobre o investimento, que poderia ocupar a fruticultura e a pecuária de corte em sua propriedade, em Dois Irmãos do Buriti. A situação na agricultura não está crítica, mas tem de inovar. Queremos ouvir as propostas. Para pequenos produtores, Antônio José diz que ainda não há um produto fechado. Estamos discutindo com o Banco do Brasil e o Incra, na forma de um projeto social, destacou.
Entusiasta da produção de carvão, Zeca do PT afirmou que pretende levar a cultura às suas duas pequenas propriedades (de 50 e 145 hectares) em Dois Irmãos. É o mercado do futuro. A produção de minerais, de madeira e de alimentos são consideradas rentáveis no futuro, pontuou. Em seu governo, foi aberta a porta para a MMX iniciar a atuação no Estado. Já Luiz Mandetta, que além de médico vê a família atuar a 50 anos na pecuária de corte, o Dia de Campo valia a pena, ao menos, para conhecer uma nova possibilidade.
A proposta da MMX foi ouvida por produtores de Aquidauana, Anastácio, Dois Irmãos do Buriti e Nioaque, onde a empresa pretende foc ar sua produção de carvão.