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Geral

Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 18 de abril de 2013 - 16:18

Transitividade

Iniciamos hoje na coluna “Cantinho da leitura”, de “O Jornal”, uma análise literária do romance “Amar verbo intransitivo”, de Mário de Andrade, que desenvolverá em sete pequenos comentários semanais. O romance apresenta no próprio título uma contradição gritante, afinal, o verbo "amar" é transitivo direto e não intransitivo Quem ama, ama algo, alguma coisa.
Os pronomes pessoais oblíquos o, a, os, as substituem os objetos diretos. Assim: Amo-o (se for homem) – Amo-a (se for mulher). Ou amo você (tanto para homem e mulher). E ainda Amo-te (Eu te amo, se o tratamento for na segunda pessoa).
“Não a encontrei na praça e preciso vê-la urgentemente, eis que devo apresentá-la a quem poderá ajudá-la nos próximos vestibulares. “Os verbos encontrar, ver, apresentar e ajudar são verbos transitivos diretos e a transitividade (regência do verbo) é que determina se o objeto será direto ou indireto.
Jamais poderemos dizer “Vou apresentar-lhe a um amigo” quando esse pronome oblíquo referir-se à pessoa com quem estamos falando. O verbo apresentar é transitivo direito e indireto, isto é, exige objeto direito e objeto indireto. Assim o correto é “Vou apresentá-lo (= você, objeto direto) a um amigo (objeto indireito). Note que o objeto indireito é sempre preposicionado, isto é, exige uma preposição ligando o objeto ao verbo.
Caso especiais (não de televisão) existem em que o objeto direito também é preposicionado. Exemplifiquei em “Pontos de Português para o Curso Normal”, obra publicada em 1958, quando ainda professor do Instituto de Educação “Ernesto Monte”, em Bauru:
“Um verbo transitivo pode ser empregado com preposição:
1- para indicar parte: Não comerei do pão;
2- para evitar ambigüidade: O pai ama ao filho;
3- para efeito de ênfase: Amemos a Deus;
4- quando o objeto direito for pleonástico: “Descreram-no a ele da elefanta” (Camões);
5- quando a expressão amar equivaler a querer bem: Ele ama ao irmão mais que a todos;
5- quando o objeto direito for um verbo no infinito: Você deve de falar a verdade”
(op. cit, pág.80).
Disse um entrevistado em programa de televisão: “Íamos em cinco no carro quando o pneu estourou”. Erradíssimo.
Não se emprega a preposição em nessa expressão porque o verbo concorda com o sujeito oculta nós: Nós cinco íamos no carro quando o pneu estourou. Assim também em Éramos seis irmãos, título de um romance escrito por Maria José Dupré, publicado em 1943 e adaptado para o cinema e a televisão em quatro ocasiões, na forma de telenovela. A obra foi premiada pela Academia Brasileira de Letras com o prêmio Raul Pompeia, tendo ainda sido traduzida para vários idiomas.
A preposição em tem emprego na indicação de:
lugar: Moramos em Santa Fé do Sul;
estado: Pintura feita em parede nova;
tempo: Viagem feita em três horas;
quantidade: Livro dividido em dez, capítulos;
mudança de estado: Água em estado gasoso.

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