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Justiça condena assassino de índio a 19 anos de prisão

Luciana Vasconcelos/ABr - 30 de novembro de 2004 - 06:52

Brasília - "A justiça foi feita". A frase é do cacique Marcos Xucuru, filho do líder indígena Chicão Xucuru, que foi executado a tiros em 1998. Nesta segunda-feira, o juiz federal substituto Jorge André de Carvalho Mendonça, da 16ª Vara da Seção Judiciária Federal de Pernambuco, condenou Rivaldo Cavalcanti de Siqueira a 19 anos de prisão pelo assassinato do cacique do povo Xucuru.

Entre os suspeitos apontados pela Polícia Federal de participar do crime, apenas Rivaldo está vivo. De acordo com Sandro Lobo, assessor jurídico do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Rivaldo foi responsável pela intermediação do pistoleiro José Libório Galindo e o mandante do crime fazendeiro José Cordeiro de Santana, conhecido como Zé da Riva. "A decisão foi muita justa e correta", avaliou Lobo.

Galindo e Zé da Riva estão mortos. O pistoleiro foi assassinado no interior do Maranhão, onde estaria se escondendo. Em 08 de maio de 2002, o fazendeiro José Cordeiro de Santana, conhecido como Zé de Riva, chegou a ser preso e indiciado como mandante do crime, mas foi encontrado enforcado na carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Recife, 18 dias depois de sua prisão.

Os 60 índios presentes no julgamento em Caruru, interior de Pernambuco, comemoram a condenação de Rivaldo, em especial o cacique Marcos Xucuru. "Estou mais aliviado por ter um dos responsáveis pelo assassinato preso", disse. "Para o povo Xucuru o resultado foi satisfatório. A justiça foi feita". O cacique acredita que ainda existem outros envolvidos na morte do pai e espera que outros envolvidos poderão ser descobertos e punidos. "Isso fica para o futuro", afirmou.

Rivaldo de Siqueira foi levado a um júri popular composto por sete pessoas. Os indígenas que acompanharam o julgamento retornam a Pesqueira e prometem fazer uma grande comemoração. "Vamos agradecer a Tupã e Tamain pelo resultado", disse o cacique. O povo Xukuru é formado por 24 aldeias e cerca de nove mil índios.

O líder indígena Francisco de Assis Araújo, o Chicão Xukuru, começou na luta do movimento indígena nacional acompanhando ativamente os trabalhos da Constituinte, entre 1987 e 1988. Chicão iniciou um trabalho de reorganização política do povo Xukuru também na década de 80. Sofreu diversas ameaças de mortes, o que o levou a solicitar providências à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal.

Seis meses antes de ser morto, Chicão gravou em vídeo um depoimento no qual denunciou estar em curso um plano para desmoralizá-lo, através de uma carta anônima distribuída na cidade de Pesqueira, na qual era acusado como responsável por diversos homicídios. Para Chicão, estava dado o sinal de um plano para matá-lo e despistar a polícia, colocando a culpa do assassinato em sua própria pessoa, como vítima de vingança.

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