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Juros são a principal causa do aumento da dívida
Os juros, mais uma vez, foram os principais responsáveis pelo aumento da Dívida Pública Mobiliária (em papéis) Federal interna DPMFi que só em fevereiro aumentou 0,78% em relação a janeiro, passando para R$ 743,1 bilhões.
Para compensar a apropriação de juros, foram resgatados títulos, no valor de R$ 1,6 bilhão, acima das emissões. Ajudou também a valorização do real frente ao dólar no mês de 0,92%, com impacto de R$ 700 milhões sobre o volume total da dívida.
A participação de títulos prefixados na DPMFi, em fevereiro, a maior desde março de 2001, elevou-se para 13,59%, ante a 12,57% do mês anterior em decorrência da emissão líquida de R$ 7,1 bilhões.
Fevereiro foi um mês de maior volatilidade, mas como era de baixo vencimento para o Tesouro Nacional, com R$ 9 bilhões vencendo, não tivemos muito problemas, afirmou Paulo Valle, coordenador da Dívida Pública, ao ser questionado sobre o cenário político.
A dívida atualizada pela taxa de câmbio, sem levar em conta as operações de swap, diminuiu para 10,2%, ante a 10,8% em janeiro. Com as operações de swap, a parcela da dívida com exposição ao câmbio registrou queda de 21% para 19%.
A exposição cambial caiu em R$ 13,7 bilhões, em decorrência, principalmente, do resgate líquido de R$ 12,3 bilhões em títulos e swaps cambiais e do efeito da valorização do real, de R$ 1,2 bilhão.
A dívida cambial e as operações de swap, que venceram no mês, não foram roladas pelo Banco Central. Na verdade, este ano ainda não houve rolagem da dívida atrelada a moeda estrangeira. Houve, apenas resgates, em um volume total de US$ 10,3 bilhões, o que tem efeitos na composição da dívida corrigida pelo câmbio.
Temos a clara intenção de reduzir a dívida cambial. A gente começou, no ano passado, acima de 36% da dívida em câmbio e hoje considerando as operações do Banco Central estamos com 19%. E considerando-se os títulos públicos, estamos com 10% do total da dívida interna, disse Paulo Valle.
Ele explicou também que quanto menor for a exposição da dívida à taxas flutuantes (seja dólar, seja taxa de juros), menor é o risco para o administrador da dívida. Por isso, o Tesouro busca a dívida toda em prefixados e, a parte de mais longo prazo, em índices de preço, defende o coordenador.
Em fevereiro, os resgates de títulos públicos federais chegaram a R$ 11,9 bilhões, sendo R$ 9,7 bilhões referentes aos vencimentos do próprio mês e R$ 2,3 bilhões referentes a operações de compra e troca de títulos.
O Tesouro Nacional realizou resgates antecipados de Notas do Tesouro Nacional séries B e C e Letras do Tesouro Nacional, para propiciar maior liquidez aos títulos atualizados por índices de preços de médio e longo prazos e desconcentrar o primeiro vencimento de títulos prefixados.
A emissão de títulos, incluídas as trocas, totalizou R$ 10,3 bilhões, dos quais 78% em prefixados e 19% remunerados por índices de preços (inflação). A única colocação de Letras Financeiras do Tesouro Nacional (LFT), papéis pós fixados, ocorreu em leilão de troca, quando foram emitidos R$ 269,1 milhões, com vencimento em 2009 (o pagamento foi com papéis com vencimento em maio de 2004).
Do total de R$ 8 bilhões emitidos em prefixados, as LTN, com prazo em janeiro e junho de 2005, somaram R$ 7,8 bilhões, e as NTN-F (Notas do Tesouro Nacional, série F), de vencimento em 1/1/2008, R$ 278,4 milhões.
Segundo os técnicos do Tesouro Nacional e do Banco Central, o percentual de prefixados já se encontra compatível com o objetivo traçado para 2004 no Plano Anual de Financiamento do Tesouro Nacional (PAF).
As instituições nacionais foram as maiores compradoras de títulos públicos, com participação de 77,9% no total emitido. O prazo médio das emissões ficou em 24,1 meses. Já o prazo médio do estoque da DPMFi registrou queda para 30,7 meses, contra 31,3 no mês de janeiro.