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Iniciada temporada de protestos por aumentos salariais

Thaísa Bueno e Malu Prado / Campo Grande New - 20 de maio de 2005 - 13:44

Esta semana foi desencadeada uma série de paralisações dos servidores públicos por melhores salários. Em menos de sete dias, quatro categorias já se manifestaram contra a condição salarial: servidores do Judiciário, do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Embrapa e enfermagem da Santa Casa. Outras categorias federais devem seguir a mesma linha e não está descartada greve. No interior, há mobilizações envolvendo servidores municipais, como em Dourados e Três Lagoas.

A mobilização começou na quarta-feira, com dois dias de suspensão dos serviços no Incra; seguiu ontem com o protesto dos servidores do Poder Judiciário, que passaram o dia em frente ao Tribunal de Justiça; e prossegue nesta sexta-feira com a paralisação dos profissionais de enfermagem da Santa Casa e também os servidores da Embrapa. A data-base dessas categorias vence neste mês.

Não bastasse a crise que o maior hospital público do Estado enfrenta, hoje os 900 funcionários de enfermagem, entre enfermeiros, técnicos e auxiliares acataram a orientação do sindicato da categoria e deflagraram a paralisação dos serviços. Conforme o secretário financeiro do Siems (Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul), as paralisações são de três horas por turno, o que compromete metade do dia de trabalho desses profissionais. Ao todo são quatro paralisações por dia, quando apenas 30% dos servidores continuam trabalhando.

A medida é para tentar retomar as negociações com a administração do hospital. Ribeiro diz que desde o dia 10 de maio o Sindicato Patronal enviou um oficio cancelando as negociações de reajuste salarial. “Decidimos parar para chamar a atenção e com isso forçar a retomada das negociações”, argumenta. O Siems quer um reajuste de 15% nos salários atuais dos funcionários ou a implantação do piso salarial da categoria. Com isso os salários passariam de R$ 512 para R$ 720 para auxiliares; de R$ 560 para R$ 840 para técnicos; e de R$ 1,2 mil para R$ 1,5 mil para enfermeiros.

Na pauta, pedem ainda redução da carga horária para 36 horas semanais. Conforme o sindicato, hoje alguns funcionários chegam a fazer 54 horas por semana. “Até o dia 10 o sindicato patronal oferecia 6% de reajuste retroativo a maio, mais 4% em janeiro de 2006. A categoria recusou e eles interromperam as negociações”, diz. Os servidores da Santa Casa prometem continuar com a paralisação até o dia 30 e ameaçam greve geral. Conforme o secretário do Siems, por enquanto a mobilização é só em Campo Grande, mas há possibilidade de se estender para os hospitais de Corumbá, Paranaíba e Dourados.

EMBRAPA - Os funcionários da Embrapa também fizeram uma mobilização nesta sexta-feira. Com cartazes, faixas e apitos eles cruzaram os braços em frente à sede do órgão. O grupo assistiria palestra sobre Reforma Sindical com o presidente da CUT/MS (Central Única dos Trabalhadores) e deve retomar o trabalho no período da tarde. De acordo com a presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento da Agropecuária, Eliana Cezar, a orientação é aguardar a decisão nacional. “Não adianta ficar fazendo uma paralisação ou outra isolada, aguardamos orientação nacional e esperamos a votação pela greve imediata”, comentou.

Ela explica que a data base dos trabalhadores vence este mês, mas até agora o Governo Federal não anunciou nem uma previsão de reajuste para a categoria. Em Campo Grande são 300 funcionários que pedem um aumento de 15%. Eles argumentam que as perdas acumuladas em seis anos chegam a 36%. “A luta vai ser brava”, comentou ela, dizendo que as reivindicações acontecem todos os anos.

GREVE GERAL - E a crise promete continuar piorar no próximo mês. Hoje os servidores do Incra voltaram ao trabalho depois de dois dias de paralisações, mas o retorno não significa o fim da mobilização. De acordo com o sindicato da categoria, eles iniciam greve no próximo dia 2 de junho. Segundo o presidente da Assincra (Associação dos Servidores do Incra), Vergílio Martins, a mobilização é nacional e faz parte das ações da categoria para revisão do PCC (Plano de Cargos e Carreiras) aprovado recentemente.

Mas a greve não será isolada, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) adiantou que servidores federais votam indicativo de greve geral por tempo indeterminado em plenária que será realizada em Brasília neste fim de semana. Uma delegação de Mato Grosso do Sul vai representar a categoria no encontro. Se o indicativo foi aprovado, no Estado vai atingir o Sindsprev (Sindicato dos Servidores da Previdência), Sista (Servidores da UFMS) e Sindicato dos Servidores Federais de Mato Grosso do Sul, que engloba todas as categorias, exceto UFMS.

Os servidores reivindicam reajuste imediato de 18%, enquanto o Governo Federal anunciou aumento 0,1%. Em quase dez anos sem reajuste, a categoria acumula perdas que chegam a 150%. Em Mato Grosso do Sul são mais de 8 mil servidores públicos federais.

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