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Inflação volta a assustar o governo federal

10 de maio de 2008 - 11:28

O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) perdeu para o risco de inflação o primeiro lugar entre as preocupações principais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente continua em suas viagens para "inaugurar" ordens de serviço do PAC, telefona para ministros quando é informado de que algum projeto anda mal das pernas e fala todo dia com Dilma sobre "a menina de ouro" de seus olhos, como disse na sexta-feira (09/05), na Bahia.

No entanto, nas últimas semanas, Lula teve de dar o braço a torcer ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. A turma do BC já vinha dizendo fazia tempo que havia risco de alta dos preços e que essa ameaça não era nada desprezível. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, rebatia a tese do BC. Minimizava tal risco. Pois bem.

A inflação acumulada nos últimos dozes meses pelo IPCA ficou acima de 5%. O IPCA, Índice de Preços ao Consumidor Amplo, é a taxa usada como referência no sistema de metas de inflação. O centro da meta é de 4,5% ao ano. O índice real, portanto, está se afastando do centro.

Há uma margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo a fim de acomodar choques etc. Mas, no sistema de metas de inflação, mira-se no centro. O BC agiu como de costume. Elevou os juros na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). A Selic, a taxa básica de juros da economia, passou de 11,25% para 11,75%. A subida de meio ponto percentual foi uma pancada. Surpreendeu Lula.

O presidente, então, passou a cobrar Mantega medidas contra a inflação que fugissem da receita tradicional de aperto monetário (subir os juros para conter o consumo e segurar os preços). É nesse contexto que o governo passou a estudar a elevação do superávit primário dos atuais 3,8% para até 5% do PIB (Produto Interno Bruto). O superávit primário é a economia do setor público para pagar os juros de sua dívida.

Na proposta em estudo por Lula, essa elevação teria um modelo diferente. O valor excedente a 3,8% seria destinado ao chamado fundo soberano _mecanismo que ficaria sob controle da Fazenda para compra de dólares, que seriam usados em projetos de investimento do Brasil no exterior.

Como haveria maior aperto fiscal, a demanda interna não seria estimulada. Ou seja, ocorreria menos pressão inflacionária. O BC, então, poderia ser menos rigoroso ao elevar os juros. A cada aumento da Selic, há estímulo à entrada de dólar, porque a taxa real brasileira já é a mais alta do mundo e vale a pena o investidor trocar dólares por reais. Além disso, aumenta o custo da dívida pública.

O fundo soberano necessitaria de dólares para financiar projetos no exterior, o que não aqueceria a economia a ponto de gerar mais pressão inflacionária. O Tesouro compraria a moeda americana e ajudaria, ainda que levemente, a quantidade de dólares no mercado.

Lula estuda com atenção a proposta, feita pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo, identificado com os chamados desenvolvimentistas. O presidente sabe que a força de sua popularidade vem da economia. Inflação baixa é um ativo político. Lula está bastante preocupado com o aumento do preço dos alimentos de consumo popular.*

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