A lista de espera do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde para receber um transplante de órgão hoje no Brasil tem 58 mil pessoas. A informação é do coordenador do Sistema Nacional de Transplantes, Roberto Schlindwein, que foi ouvido pela CPI do Tráfico de Órgãos Humanos nesta quinta-feira. Segundo o médico, há na lista de espera 29.928 pessoas aguardando um rim; 22.531 esperando a doação de córneas; 5.184 na fila para o transplante de fígado; 235 precisando de um coração; e 94 pessoas aguardando um pulmão. Schlindwein afirmou que há apenas 8.554 leitos no Brasil para transplantes.
O Ministério da Saúde pretende, no prazo de dois anos, zerar a fila do transplante de córneas sem precisar importá-las.

Falta de estrutura
O coordenador informou que, em 2003, havia no País 8.932 possíveis doadores para cada milhão de habitantes. Desses, apenas 25% efetivamente doaram órgãos. O médico disse ainda que há uma subnotificação de possíveis doadores pelas centrais de transplantes. Muitas vezes os doadores em potencial não são sequer identificados a tempo.
O relator da CPI, deputado Pastor Pedro Ribeiro (PMDB-CE), ressaltou que a diferença entre os doadores em potencial e os que realmente doam se deve a deficiências nos hospitais autorizados a fazer os transplantes. A negligência, afirmou o deputado, é dos hospitais autorizados a fazerem os transplantes.
O coordenador do Sistema Nacional de Transplantes informou que estão sendo treinadas comissões nos hospitais para melhorar a qualidade de captação de órgãos. Disse também que está em estudo a realização de campanhas estimulando a doação. O Ministério da Saúde, disse o médico à CPI, não tem denúncias novas sobre irregularidades no processo de transplantes.


Reportagem - Márcia Brandão
Edição - Ana Felícia