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Familiares das vítimas e Gol divergem sobre acordos

Wellton Máximo /ABr - 30 de setembro de 2007 - 01:05

Brasília - Um ano depois do acidente da aviação brasileira que tirou a vida de 154 pessoas, a companhia aérea Gol e os familiares das vítimas discordam sobre o total de acordos extrajudiciais fechados. Segundo a empresa, mais de 30 famílias foram indenizadas, mas a Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo Gol 1907 alega que o número não passa de 25.

Segundo o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, até agora foram fechados 32 acordos, mas, alegando questões de privacidade, ele não mencionou o valor desembolsado pela companhia. Ele fez a afirmação pouco antes do ato ecumênico organizado pela empresa em Brasília que hoje (29) lembrou o primeiro aniversário do desastre, mas o mesmo número foi divulgado pela empresa na sexta-feira.

Nas estimativas dos familiares, no entanto, os números são diferentes. Segundo a presidente da associação, Angelita de Marchi, 110 famílias ingressaram com ações judiciais nos Estados Unidos, cinco entraram com ações no Brasil e 15 não constituíram advogado nem no Brasil nem no exterior. “Pelas nossas contas, as cerca de 25 famílias que sobram é que fecharam acordo com a Gol”, afirma.

Para Angelita, a responsabilidade do acidente foi dos pilotos americanos Joe Lepore e Jan Paladino, que pilotavam o jato Legacy que colidiu com o Boeing da Gol, mas a companhia também tem a obrigação de pagar indenização. “A Gol pode pagar as vítimas e tentar reaver o dinheiro nos Estados Unidos”, rebate.

Familiares também reclamam da falta de apoio da empresa e cobram mais agilidade nas negociações. A servidora pública Eulália Machado de Carvalho, que perdeu o marido, Luiz Antônio Pereira de Carvalho, passageiro do vôo 1907, alega que entregou a documentação à companhia no final de junho e até hoje não obteve resposta. “Os documentos não foram devolvidos e não me dão justificativa nenhuma”, declara.

Para Constantino, não existe demora na realização dos acordos, mas uma dificuldade natural em alcançar o consenso. “A gente tem disposição de chegar ao acordo com todas as famílias, mas nem sempre isso é possível porque é muito difícil definir o valor de uma vida humana”, alega Constantino.

Outra divergência entre os familiares e a companhia diz respeito à renovação do plano de saúde para os parentes das vítimas. Durante um ano, a Gol forneceu auxílio médico e psicológico para os familiares dos mortos, que agora pedem a renovação do benefício e acusam a empresa de não dar resposta. “Fizemos um convite para uma reunião com a direção da Gol, mas a companhia não se pronunciou”, afirma Angelita, presidente da associação.

O presidente da Gol afirmou que pretende estender o benefício a quem, de fato, utilizou o auxílio no período em que foi oferecido. “Poucas pessoas tiveram necessidade de usar o plano, mas a nossa proposta é renovar o auxílio por algum tempo”, respondeu Constantino, que não mencionou de quanto seria o prazo extra. Ele alegou ainda desconhecer qualquer convite para se encontrar com a associação.

Organizado pela Gol em parceria com a Legião da Boa Vontade (LBV), o ato ecumênico reuniu familiares de cerca de 50 das 154 vítimas do vôo 1907 no Jardim Botânico de Brasília e teve orações, cantos e pronunciamentos de líderes de diversas religiões. No final, os participantes soltaram balões brancos, e fincaram placas com o nome dos mortos nas 154 mudas de ipê branco plantadas há quatro meses no Jardim Botânico de Brasília em homenagem às vítimas por iniciativa do Ministério Público do Distrito Federal.


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