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Escolas de samba do Rio de Janeiro usam a criatividade

Flávia Vilela, ABr - 07 de fevereiro de 2009 - 16:43

Brasília - Com a finalização dos protótipos das fantasias, em setembro, a escola de samba carioca Viradouro iniciou então a cotação de preços dos adereços e materiais. Já faltavam produtos na praça e os importados estavam mais caros do que o normal. Com o agravamento da crise econômica mundial, a situação piorou em dezembro, segundo o carnavalesco da Viradouro, Milton Cunha, que teve muita dificuldade de encontrar produtos a preço accessível, como isopor e plumas.

“Alguns importadores não compraram com força total então faltou estoque. O produto que me trouxe mais dor de cabeça, neste ano, foi o isopor. Por ser um derivado de petróleo aumentou muito o preço. Tive de substituir muitas esculturas por espuma”, diz ele.

O alto preço das plumas e dos galões, produtos em sua maioria importados, foram as maiores queixas dos carnavalescos, que disseram ser itens de difícil substituição. O jeito foi buscar o que havia de similar no mercado nacional. “Eu trabalhava com as plumas choronas que passou a custar R$ 300 o quilo e tive então que substituir pela pluma palito, bem mais barata”.

A Império Serrano, escola do bairro de Madureira, não chegou a sentir tanto os efeitos da crise, pois como explicou o diretor da escola, Waltinho Honorato, a maioria dos materiais já haviam sido comprados com certa antecedência. “Já havia indícios da crise, mas não havia chegado ao mercado no início de setembro quando compramos a maior parte dos materiais”.

Segundo, Waltinho, cerca de 40% dos produtos utilizados na confecção do carnaval carioca são importados, como tecidos de brilho e plumas. Ele explicou que 90% do material utilizado nas alegorias e fantasias são novos, pois a escola acabou de sair do Grupo de Acesso e não quis arriscar perder o “luxo e o glamour” na avenida. Ainda assim, materiais alternativos como as garrafas pet foram usados como enfeites em carros alegóricos.

As garrafas pet também são itens presentes há alguns anos na Mangueira, segundo o carnavalesco Roberto Szaniecki, que vem utilizando materiais recicláveis com cada vez mais freqüência. “Também usamos chapas de alumínio. Tem muita coisa legal que está funcionando muito bem e é quase a metade do preço. O Polietileno em folha, por exemplo não é comum no carnaval, mas estou usando por ser muito prático na forração de carros alegóricos, além de ser mais barato que a madeira”. Outra estratégia do carnavalesco da Mangueira é buscar materiais que já tenham alguma textura que possibilite eliminar etapas, como forração e pintura.

Mesmo com os improvisos de última hora e substituições de emergência, os carnavalescos não acreditam que a crise possa prejudicar a beleza do carnaval, mas sim incentivar a criatividade. “Se a crise se agravar,” disse Waltinho, “os carnavalescos vão arranjar alternativas, buscar com produtos nacionais e recicláveis”, afirmou.

Segundo ele, esta não é a primeira nem será a última crise pela qual passam as escolas de samba. “Na década de 80, houve uma forte crise e as escolas sentiram e se readequaram ao momento. Acredito que o carnaval sempre acha uma saída para se reinventar e para não perder o glamour”.

Milton, da Viradouro, vai mais além: “Acho que a crise pode incentivar a Viradouro a ter mais garra, a cantar com mais felicidade. Dá para driblar a crise, mas não a alegria que deve sempre ser em dobro no carnaval.”



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