A autoestima da população das cidades pequenas anda tão em baixa que qualquer oportunidade de gerar meia dúzia de empregos em uma fabriqueta de fundo de quintal parece ser a salvação da lavoura. Sabendo disso, "empreendedores" de fora avançam vorazmente sobre prefeituras de interior tentando abocanhar preciosos tostões desses municípios quebrados. E em nome da geração de emprego e ávidos por se verem menos assediados por pedidos de colocação no serviço público, prefeitos inexperientes praticamente entregam a chave do cofre da prefeitura nas mãos desses visionários. Um desses empresários está propalando pela cidade que está de mudança porque a câmara está atrapalhando-o. Alguém precisa avisar a este rapaz que câmaras não são constituídas para meramente referendar os atos do prefeito, mas para fiscalizá-los. No caso em questão, o dito empresário já havia recebido a doação de um terreno, não respeitou o prazo de construção do prédio, que é de um ano, assim sendo perdeu a benesse. Tratando a coisa pública sem a devida seriedade, pediu nova doação, desta vez do prédio onde funciona o almoxarifado, um imóvel gigantesco, dentro da cidade, além de R$ 70.000,00 (setenta mil reais) em dinheiro! Estranho, pois dinheiro para construir em um terreno muito menor ele não teve, mas para um dessas proporções tem? Dinheiro para honrar o combinado com a municipalidade não teve, mas para comprar casa de quase R$ 100.000,0 (cem mil reais) teve? A câmara apontou a irregularidade e o prefeito retirou o projeto da pauta. Agora o visionário que tanto ama nossa cidade, que veio para cá porque quer ajudar nossa cidade alega que está indo embora porque a cãmara está atrapalhando-o. Francamente, cara de pau tem limite! O dinheiro público tem de ser usado para atender às necessidades da comunidade, não para bancar os sonhos de quem não está pronto para realizá-los. Se quero ser médico, advogado, engenheiro, professor, tenho de gastar tempo, dedicação e dinheiro para tanto. Da mesma forma se quero ser empresário. Se não aguenta, beba leite. Volte a ser empregado até ter condições de realizar seu sonho de ser patrão, não de uma de menino mimado culpando os outros pela não realização de seus sonhos!

Matéria publicada pelo prof. Rogério Tenório no Facebook.