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Crise da água no Brasil também é suja e malcheirosa

Portal Exame - 04 de fevereiro de 2015 - 07:17

Thinkstock
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Qualquer pessoa com noções básicas de recursos hídricos sabe que tão importante quanto ter água em quantidade é ter água em qualidade. Apesar disso, em pleno século 21, o Brasil ainda deixa de coletar e tratar mais da metade dos esgotos que gera.

Na ponta do lápis, apenas 48,6% dos brasileiros têm acesso à rede coletora de esgoto, enquanto somente 39% do total de efluentes gerados em todo o país recebe tratamento. Os dados, referentes ao ano de 2013, foram atualizados recentemente no Sistema Nacional de Informações de Saneamento Básico do Ministério das Cidades.

O saldo dessa equação é simples: o esgoto que não é coletado nem tratado tem passe livre para poluir o meio ambiente, o que compromete a disponibilidade de água limpa e encarece os custos de tratamento.

Em meio à crise hídrica histórica que castiga a região Sudeste, o quadrilátero mais rico do país, os números do descaso com a água e seu tratamento são, no mínimo, assombrosos e não condizem com um país que se gaba de estar entre as dez maiores economias do mundo.

“Há uma total incompatibilidade entre o nosso desenvolvimento econômico e o que o há de mais básico, que é o saneamento. Em termos de esgoto, o Brasil parou no século 19. Descuidamos totalmente. Passamos décadas sem tratamento, usando a diluição na água como solução. Seguindo a ideia do ‘Joga no rio que o rio resolve’, transformamos nossos rios em lixões a céu aberto. Agora, colhemos os frutos dessa política”, avalia Edison Carlos, Presidente do Instituto Trata Brasil, ong de referência na área.

Desprovida do serviço essencial, metade da população brasileira tem que conviver com valões de esgoto a céu aberto, fossas negras e rios fétidos que foram transformados em depósitos para descarte da sujeira.

Por mais insólito que pareça, existem mais casas no Brasil com um aparelho televisor do que com um banheiro ligado à rede de esgoto (segundo dados do Pnad, a televisão está presente em 97,2% das casas).

Desigualdade hídrica

Outra disparidade é a distribuição regional do acesso à coleta e tratamento. Atravessada pelo maior rio do mundo em volume de água (o Amazonas), a região Norte é a mais desprovida de saneamento adequado: os índices totais de coleta de esgoto e tratamento são, respectivamente, de 6,50% e 14,7%.

O Sudeste possui a maior cobertura: 77,3% da população é atendida pelo serviço, mas só trata 43,9% dos esgotos gerados. No Estado de São Paulo, que atravessa sua maior crise hídrica, apenas 53% do esgoto gerado pelas áreas urbanas recebe tratamento.

Em seguida, aparecem o Centro-Oeste (com 42,2% de coleta total de esgoto e 45,9% para tratamento), o Sul (com 38% e 35,1%, respectivamente) e o Nordeste (com 22,1% de coleta e 28,8% de tratamento).

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