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Constituição de empresas caiu 14% no semestre
O efeito dominó da crise no campo resultou em uma freada na expansão da economia de Mato Grosso do Sul durante primeiro semestre deste ano. O levantamento da Jucems (Junta Comercial de Mato Grosso do Sul) aponta uma queda de 14% na constituição de novas empresas comparado aos primeiros seis meses de 2005.
Foram 2.818 empresas constituídas de janeiro a junho deste ano contra 3.281, queda de 14%. O mês de junho apresentou o mais forte declínio, com apenas 425 empresas constituídas, 17,4% a menos que em maio e 30,3% de queda em relação a junho do ano passado. Já o número de empresas extintas ficou em 475 no semestre contra 448 de janeiro a junho de 2005.
Em junho o comércio de Campo Grande registrou retração de 2,76% nas vendas, conforme informações da Associação Comercial e este mês, nos primeiros quinze dias, já era de 3% a queda de vendas.
O economista e presidente do CRE (Conselho Regional de Economia), Ricardo Senna, destaca que a crise no campo, que teve seu estopim com os casos de febre aftosa no Conesul, em outubro do ano passado, é a responsável pela perda de dinamismo da economia sul-mato-grossense. Para ele, é preciso repensar com urgência o modelo econômico do Estado e apostar em setores como a cultura.
Senna observa que as perdas no campo, que representa a base econômica do Estado, atingiram a todos os setores. Com demissões em massa que chegaram a 10 mil, segundo o setor também cai o poder de compra das pessoas e o comércio é o primeiro a sentir os efeitos. Além disso, o governo deixa de arrecadar e, em crise, foi obrigado a demitir e recontratar cerca de 1,8 mil comissionados com salários menores novamente menos dinheiro circulando na economia.
Outro ponto observado pelo economista é que nos últimos anos houve uma farta oferta de crédito e, além da questão da inadimplência, a captação desses recursos também afetou o limite de pessoas físicas e jurídicas.
Com isso as pessoas não conseguem capital de giro, explica. O mercado brasileiro, de uma forma geral, é otimista. Espera crescimento de 3,5% a 4% na economia brasileira. Porém em Mato Grosso do Sul é preciso diversificar a base produtiva para partilhar deste ganho. A carne bovina, por exemplo, foi ao longo de 2005 um dos esteios da economia estadual. No primeiro semestre deste ano, as exportações de carne caíram em 80%.
Aluga-se Em pleno centro de Campo Grande não é preciso andar muito para notar placas de Vende-se ou Aluga-se em imóveis. A parte comercial está devagar porque a crise é alta e quem abre algum ponto tem de pagar aluguel, faturando ou não, diz.
Segundo ele, desde outubro a paradeira é grande e muitas vezes o valor exigido pelo proprietário acaba sendo o fator inibidor ao locatário. O aposentado Eder Azevedo, 66 anos, que mora na Maracaju, tem assistido de perto o drama vivido pelo comércio. Abre um restaurante e fecham dois, afirma. Ele mora ao lado de um ponto onde funcionava um restaurante e que fechou as portas. A coisa não está fácil, avalia.