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Geral

Constituição de empresas caiu 14% no semestre

Fernanda Mathias / Campo Grande News - 20 de julho de 2006 - 13:44

O efeito dominó da crise no campo resultou em uma freada na expansão da economia de Mato Grosso do Sul durante primeiro semestre deste ano. O levantamento da Jucems (Junta Comercial de Mato Grosso do Sul) aponta uma queda de 14% na constituição de novas empresas comparado aos primeiros seis meses de 2005.

Foram 2.818 empresas constituídas de janeiro a junho deste ano contra 3.281, queda de 14%. O mês de junho apresentou o mais forte declínio, com apenas 425 empresas constituídas, 17,4% a menos que em maio e 30,3% de queda em relação a junho do ano passado. Já o número de empresas extintas ficou em 475 no semestre contra 448 de janeiro a junho de 2005.

Em junho o comércio de Campo Grande registrou retração de 2,76% nas vendas, conforme informações da Associação Comercial e este mês, nos primeiros quinze dias, já era de 3% a queda de vendas.

O economista e presidente do CRE (Conselho Regional de Economia), Ricardo Senna, destaca que a crise no campo, que teve seu estopim com os casos de febre aftosa no Conesul, em outubro do ano passado, é a responsável pela perda de dinamismo da economia sul-mato-grossense. Para ele, é preciso repensar com urgência o modelo econômico do Estado e apostar em setores como a cultura.

Senna observa que as perdas no campo, que representa a base econômica do Estado, atingiram a todos os setores. Com demissões em massa – que chegaram a 10 mil, segundo o setor – também cai o poder de compra das pessoas e o comércio é o primeiro a sentir os efeitos. Além disso, o governo deixa de arrecadar e, em crise, foi obrigado a demitir e recontratar cerca de 1,8 mil comissionados com salários menores – novamente menos dinheiro circulando na economia.

Outro ponto observado pelo economista é que nos últimos anos houve uma farta oferta de crédito e, além da questão da inadimplência, a captação desses recursos também afetou o limite de pessoas físicas e jurídicas.

“Com isso as pessoas não conseguem capital de giro”, explica. O mercado brasileiro, de uma forma geral, é otimista. Espera crescimento de 3,5% a 4% na economia brasileira. Porém em Mato Grosso do Sul é preciso diversificar a base produtiva para partilhar deste ganho. A carne bovina, por exemplo, foi ao longo de 2005 um dos esteios da economia estadual. No primeiro semestre deste ano, as exportações de carne caíram em 80%.

Aluga-se – Em pleno centro de Campo Grande não é preciso andar muito para notar placas de “Vende-se” ou “Aluga-se” em imóveis. “A parte comercial está devagar porque a crise é alta e quem abre algum ponto tem de pagar aluguel, faturando ou não”, diz.

Segundo ele, desde outubro a paradeira é grande e muitas vezes o valor exigido pelo proprietário acaba sendo o fator inibidor ao locatário. O aposentado Eder Azevedo, 66 anos, que mora na Maracaju, tem assistido de perto o drama vivido pelo comércio. “Abre um restaurante e fecham dois”, afirma. Ele mora ao lado de um ponto onde funcionava um restaurante e que fechou as portas. “A coisa não está fácil”, avalia.

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