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Como a personalidade do seu cônjuge pode afetar sua carreira

Administradores.com.br - 04 de março de 2016 - 16:00

Quando se casam, muitas pessoas não imaginam o quanto a escolha de pessoa que fizeram para trocar votos de amor e lealdade pode impactar suas carreiras. Em um dos workshops do Administradores Premium, o professor e empreendedor Jerônimo Mendes afirma que uma das escolhas mais importantes na vida de quem empreende é a do seu cônjuge. Por incrível que pareça, ele iguala a importância dessa escolha na carreira do empreendedor à fatores como persistência, resiliência, ou capacidade de arriscar.

O que parece vir do senso comum foi posto à prova em pesquisas acadêmicas. Neste artigo da Harvard Business School, Andrew O'Conell trata de dois estudos que consideram as formas pelas quais os relacionamentos amorosos das pessoas, particularmente casamentos, afetam suas carreiras. Os resultados, ainda que não totalizantes, são surpreendentes e dignos de reflexão.

O primeiro é um estudo de diários preenchidos por casais que trabalham fora, e que buscou analisar a associação entre experiências positivas ou negativas em relações românticas com o tempo passado no trabalho. A pesquisa foi conduzida simultaneamente pelo Departamento de Psicologia da Universidade de Manheim, pelo Instituto de Psicologia Friedrich-Alexander, da Universidade de Erlanger-Nuremberg, e pelo Centro de Liderança e Gestão de Pessoas da Universidade Ludwing Maximilian de Munique, todas na Alemanha. Durante anos, os responsáveis acompanharam 76 casais (membros da Academia, em maioria). Suas atividades diárias foram registradas, especialmente o tempo passado no trabalho e o estado de seus relacionamentos.

Em suma, o estudo mostrou que as pessoas dedicavam mais tempo ao trabalho quando suas relações amorosas estavam indo bem, pois a ausência de estresses emocionais nesse sentido lhes permitiam dispor de mais energia emocional e cognitiva, bem como vigor físico para dedicar no ambiente de trabalho. Isto significa, para empregadores, por exemplo, que o tempo de trabalho pode ser negativo ou positivo, e que isso pode ter relação direta com o que se passa em casa. Para o profissional, o estudo esclarece que a preocupação com a carreira não deveria estar dissociada da dedicação às relações íntimas. Compartimentalizar não será necessariamente o mais eficiente.

De fato, esta pesquisa associou qualidade de relacionamentos positivamente ao tempo de trabalho, enquanto dificuldades nos relacionamentos amorosos foram associados negativamente a isso. O objetivo do estudo, além de evidenciar a relação entre trabalho e relações íntimas, foi justamente de prover informações de cunho científico para que as organizações lidem melhor com o aspecto emocional e apoiem seus colaboradores do ponto de vista psicológico.

O segundo estudo traz outro olhar, talvez mais ousado, sobre a questão do cônjuge. Brittany C. Solomon e Joshua J. Jackson, da Universidade de Washington em Saint Louis estudaram a relação entre as personalidades dos companheiros amorosos dos personagens da pesquisa e seus resultados no trabalho e carreira, incluindo insights quanto à renda, promoções e mais. Os pesquisadores mencionados analisaram dados sociais e econômicos de milhares de lares australianos, entre 2005 e 2009, na busca por identificar que relações existem entre traços de personalidade do esposo ou esposa e o sucesso ou fracasso de carreiras de seus cônjuges.

As informações disponíveis se referiam não só aos traços de personalidade, mas a questões como satisfação no trabalho, renda e avanço na carreira, o que possibilitou a pesquisa. Quanto às personalidades, os dados cobriam o que se conhece como as suas "cinco grandes" dimensões, a saber, extroversão, agradabilidade, neuroticismo, consciência e franqueza.

Os estudiosos determinaram a consciência como o único traço de personalidade do cônjuge que se mostrou realmente importante para os resultados do profissional em seu trabalho. O nível de consciência enquanto traço de personalidade poderia ser usado para prever a renda, número de promoções e satisfação no trabalho da pessoa, independentemente de seu gênero.

Em termos de salário, a pesquisa descobriu o seguinte: para cada grau de aumento no nível de consciência do cônjuge, considerando o desvio padrão, é provável que o outro cônjuge ganhe cerca de 4.000 dólares a mais por ano, média que vale em termos de todas as idades e ocupações, de acordo com Solomon. Quanto a promoções, a pesquisa considerou que profissionais que têm cônjuges extremamente conscientes (duas unidades de medida acima da média) possuem 50% a mais de chances de serem promovidos em relação aos funcionários casados com pessoas no lado contrário de espectro (duas unidades de medida abaixo da média).

O mais interessante da pequisa é que a elucidação que faz sobre o porquê de tamanha relevância do fator consciência na personalidade do cônjuge. A professora Solomon explica que pessoas conscientes consideram as necessidades do outro, tomando a frente de tarefas da casa quando necessário, para que o cônjuge possa se concentrar em seu trabalho (isso vale para homens e mulheres, no universo da pesquisa). Portanto, essa consciência pode ser traduzida em comportamentos como responsabilidade, atitudes de consideração pelas necessidades e sentimentos do próximo, compreensão etc.

Em segundo lugar, pessoas conscientes fazem seus maridos e esposas se sentirem mais satisfeitos no casamento, de acordo com o estudo. Isso se relacionaria com o que foi encontrado na primeira pesquisa mencionada. Outro fator de importância é que a consciência enquanto traço de caráter influencia os parceiros a espelharem o comportamento diligente e responsável de uma pessoa consciente. Esses aspectos combinados formam relações de casamento mais fortes, para a professora. E pessoas de sucesso muitas vezes se encontram em relacionamentos desse tipo.

Toda a reflexão proveniente de estudos como esses não quer dizer que precisamos conversar sobre nossa vida pessoal no ambiente de trabalho. Não é preciso que todos saibam detalhes sobre o que acontece nas relações dos colegas para compreender seus comportamentos. Mas é necessário que empregadores considerem a influência que a vida familiar de seus funcionários sempre terá sobre a forma como produzem e se relacionam. Mais importante ainda é que os profissionais tomem consciência dessa possível influência dos relacionamentos amorosos em suas carreiras. Se as pesquisas mencionadas estiverem certas, quanto mais sólidas essas relações, mais saudável e, possivelmente, bem sucedido, será o profissional.

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