Quando chegamos a Cassilândia em 1974, a dupla Milionário e Zé Rico tinha lançado o segundo disco da carreira. Na falta de uma emissora de rádio e com a televisão precária, grande parte da população ouvia os programas sertanejos noturnos das emissoras paulistanas. Quem mais se destacava era ‘Linha Sertaneja Classe A’, na Rádio Record.

Naquela época o chic era o toca fitas nos carros, com o pessoal curtindo nas lanchonetes e eventos diversos. Pelo seu estilo inovador e afinação, a dupla alcançou sucesso e se apresentava nas festas de peão das cidades da região.

Cassilândia não fugiu a regra: afinal a presença destes artistas era sinônimo de recinto lotado e lucro certo.

Naquela eleição municipal vencida pelo dr. Antônio e José Anselmo, a dupla Milionário e Zé Rico acabou sendo o centro de curiosa polêmica. Os candidatos que acabariam vencedores, anunciaram a sua contratação para apresentação no comício de encerramento. Mas dizem que por obra dos adversários, a vinda dos artistas teria sido ‘melada’. Aliás, até hoje há controvérsias sobre o caso.

Mas as apresentações da dupla não se restringia a festa do peão. Certa vez fomos assistir ao show deles num circo mambembe instalado na rua Sebastião Leal, do lado esquerdo na direção centro-Vila Pernambuco. As tábuas do palco – de espessura irregular – dificultavam a fixação do microfone, exigindo cuidado dos artistas. Quase o microfone vira a maior atração da noite.

Quando inauguramos a Rádio Patriarca em 1984, compramos na Gravadora Chantecler todos os discos da dupla e seguramente eram os mais tocados na programação. É bom que se diga que até hoje seus sucessos ocupam destaque nas emissoras do Brasil.

Vale destacar que principalmente Zé Rico manteve laços com nossa região onde inclusive era proprietário rural. Num show na capital – em dezembro de 2014 – o artista confessou seu amor pelo Estado, onde residiu antes da fase musical, revelando inclusive que os corpos de seus pais estavam sepultados em Aparecida do Tabuado.

A dupla vai fazer falta. Zé Rico - muito mais!

Vamos mandar ‘um zum pra ele!’

Manoel Afonso