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Baixo peso ao nascer pode não estar associado a doenças

Agência Notisa - 05 de janeiro de 2005 - 14:25

As doenças cardiovasculares são atualmente a principal causa de morte no mundo. Só no Brasil, elas representaram 27,3% dos óbitos registrados em 2000. Estão associados às doenças cardiovasculares a dislipidemia, o diabetes, a hipertensão arterial, o sedentarismo e a obesidade. No entanto, mais recentemente, pesquisas mostraram que o baixo peso ao nascer também é um fator de risco para a morte por doenças do coração na vida adulta. Nesse sentido, João Guilherme Alves e José Figueiroa, do Instituto Materno Infantil de Pernambuco, resolveram verificar se há uma associação direta entre o baixo peso ao nascer e a morte por doença cardiovascular no país.

Para tanto, os pesquisadores levantaram os dados referentes à mortalidade infantil no Nordeste e no Sul entre 1930 e 1950, bem como os relativos à mortalidade por doenças cardiovasculares no ano 2000 nas duas regiões. O objetivo, de acordo com artigo publicado na edição de novembro/dezembro de 2004 dos Cadernos de Saúde Pública, foi comparar os coeficientes de mortalidade infantil das duas regiões com as taxas específicas de mortalidade por infarto agudo do miocárdio no ano 2000, ou seja, 50 a 70 anos depois. As médias de mortalidade infantil foram de 185,6 óbitos por mil nascidos vivos no Nordeste e 116 no Sul.

Os dados relativos à mortalidade por infarto agudo do miocárdio mostram, segundo Alves e Figueiroa, que os coeficientes foram mais elevados na região Sul do que na região Nordeste, o que contradiz os estudos. Os pesquisadores explicam que os resultados podem estar ligados ao fato de a redução dos índices de mortalidade infantil no Brasil não estar associados diretamente a uma melhora da qualidade de vida da população: “a diminuição das taxas de mortalidade infantil registradas nas últimas décadas deveu-se a vários fenômenos, como: diminuição da taxa de fecundidade total e melhoria do nível de instrução materna, aumento da oferta de serviços sanitários e da cobertura da assistência ambulatorial e hospitalar, desenvolvimento de programas específicos voltados à atenção da saúde da mulher e da criança. Não foram registradas significativas melhorias das condições de vida da população brasileira, diferentemente do que ocorreu em outros países, onde as pesquisas, com metodologia semelhante, apontaram uma forte associação da mortalidade infantil elevada com letalidade por infarto agudo do miocárdio na vida adulta”.

Sendo assim, Alves e Figueiroa sugerem que novos estudos sejam conduzidos no Brasil. Na opinião dos estudiosos, se for verdadeira a correlação entre o baixo peso ao nascer e um maior risco para doença cardiovascular coronariana, é preocupante o impacto que esse fator pode ter nas taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares nos países em desenvolvimento.

Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)

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