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Artigo: Meninas são mais sedentárias do que meninos

Agência Notisa - 16 de julho de 2004 - 14:52

A idéia de que meninos são mais ativos do que meninas não é só mera desconfiança. Pelo menos é o que garante um estudo da Universidade Católica de Pelotas, publicado pela Revista de Saúde Pública (Volume 38, n.2). Os pesquisadores investigaram razões que levam ao sedentarismo entre adolescentes e constataram: meninas têm 2,35 chances de serem mais sedentárias do que meninos.

A pesquisa, que visou a determinar a prevalência e fatores associados ao sedentarismo em adolescentes, foi feita em 960 jovens com idades entre 15 e 18 anos, aos quais foi aplicado um questionário. Os pesquisadores definiram como sedentário o adolescente que participa de atividades físicas por tempo menor do que 20 minutos diários, menos do que três vezes por semana. Variáveis sócio-demográficas e comportamentais dos adolescentes também foram avaliadas. Dos jovens abordados, 39% foram considerados sedentários.

No estudo, meninas se mostraram mais sedentárias do que meninos, assim como adolescentes de classes sociais mais baixas. Jovens com escolaridade inferior a quatro anos de estudo também apresentaram maior risco para o sedentarismo. A faixa etária considerada mais sedentária foi a de jovens entre 17 e 18 anos. A escolaridade materna também mostrou associação com o sedentarismo adolescente. Filhos de mães com menor escolaridade, até quatro anos, apresentaram maior risco de prevalência para sedentarismo do que aqueles cujas mães haviam estudado de cinco a oito anos.

Jovens sexualmente ativos também apresentaram maior predisposição à prática de exercícios físicos: ”adolescentes que relataram já ter tido relação sexual apresentaram menor risco constituindo a atividade sexual como fator de proteção para o sedentarismo”, afirmam os pesquisadores no texto.

Por outro lado, variáveis socioeconômicas estão associadas ao sedentarismo do jovem. Os adolescentes inseridos nas classes sociais D e E apresentam risco 1,35 vezes maior de sedentarismo em comparação aos das classes A e B.

“Nos EUA, mais de 60% dos adultos e em torno de 50% dos adolescentes são considerados sedentários. No Brasil, dados do IBGE apontam 80,8% de adultos sedentários”, lembram os pesquisadores, que enfatizam a necessidade da prática regular de atividades físicas como fator de proteção para doenças crônico-degenerativas, contribuindo para melhora na qualidade de vida e outras variáveis psicológicas.

Os cientistas afirmam que adolescentes são alvo de pesquisas em todo o mundo, por apresentarem altos índices de comportamento de risco: “decréscimo do hábito regular de atividade física, hábitos alimentares irregulares ou até transtornos psicológicos”, aponta o estudo. Os autores lembram que estudos têm afirmado que a prática de atividade física na adolescência é que pode determinar futuros hábitos de atividade física na idade adulta. O estudo faz referência, ainda, à importância dos meios de comunicação na manutenção de uma rotina de vida pouco saudável: “os meios de comunicação, principalmente os visuais, no dia-a-dia do adolescente, não contribuem com a adesão a um comportamento físico ativo”, diz o estudo.

Assim, para os autores do trabalho, ser do sexo feminino, pertencer à classe social baixa, ter pouca escolaridade e ser filho de mãe igualmente com baixa escolaridade são fatores associados ao sedentarismo. Os pesquisadores afirmam que conhecer o cotidiano do indivíduo sedentário, assim como as razões que o afastam da atividade física é fundamental. Conhecendo as necessidades do indivíduo que não pratica exercícios, “o planejamento e implementação de programas de promoção da saúde e incentivo à prática de atividade física regular pode proporcionar benefícios à saúde”.


Agência Notisa (jornalismo científico - scientific journalism)

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