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Artigo: Falta de médicos... razões e soluções

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - diretor da ASPOMIL - 26 de novembro de 2008 - 08:28

Recente pesquisa, da Universidade Federal de Minas Gerais, revela a inexistência de médico em 455 municípios brasileiros, e ainda que na maioria das localidades há falta de especialistas. Mesmo com 1,15 médico por grupo de mil habitantes, número superior ao preconizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), que estabelece um profissional por mil, o Brasil os possui mal distribuídos e localizados preferencialmente nos grandes centros urbanos. É uma das razões do mau atendimento de saúde à população.
Desde sua criação, os principais cursos universitários brasileiros são mantidos com verba pública. Depois é que vieram, supletivamente, as instituições particulares, que ministram o ensino em troca de anuidades. Na maioria dos casos, a universidade pública é mantida como importante centro estratégico voltado para suprir o país dos profissionais de cada área.
As oportunidades de preparação para os vestibulares e de manutenção do aluno fora da localidade onde moram seus pais, fazem com que as vagas nas escolas públicas, especialmente as mais afamadas, sejam ocupadas pelos filhos das famílias com mais recursos, chegando a criar um paradoxo onde o ensino público, gratuito e de boa qualidade acaba beneficiando aqueles que poderiam pagar pela própria formação, enquanto o pobre é obrigado a pagar o ensino particular. Para diminuir um pouco essa injustiça social, foram criadas as bolsas de estudo, onde o governo paga as anuidades dos alunos nas escolas particulares. A questão da gratuidade das escolas públicas causa os mais acalorados debates e sugestões descabidas do tipo "quem pode tem de pagar".
Mais importante que discutir se o aluno pode ou não pagar pela formação é cuidar da criteriosa distribuição dos profissionais pelo mercado. No caso específico dos médicos e outros agentes de saúde, a solução imediata para a escassez registrada no interior é o estabelecimento do serviço obrigatório ao recém-formado, como contrapartida dos benefícios da verba pública aplicada. Todos os novos médicos, dentistas, enfermeiros e assemelhados, formados pelas escolas públicas ou com bolsa, deveriam ter o compromisso, assumido logo ao entrar para o curso, de prestar pelo menos dois anos de serviços naqueles municípios onde há falta de profissionais, recebendo os salários pagos pela administração pública.
Com a localização compulsória dos recém-formados, muitos médicos e profissionais que, em razão da maior oferta de mão-de-obra, hoje reclamam de baixos salários e dupla jornada nas capitais e grandes centros, encontrariam nessas pequenas localidades o seu próprio destino. Da mesma forma que fizeram os jovens doutores de décadas atrás, que se embrenharam interior afora e ajudaram a construir cidades e, além da profissão, tornaram-se valorosos cidadãos nas respectivas comunidades. É preciso voltar à visão integracionista do Marechal Rondon, de que as oportunidades não se encontram apenas no asfalto das metrópoles. O país tem de ser encarado por inteiro. Os recursos e seus resultados devem chegar a toda parte...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - diretor da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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