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Artigo: Dois Brasis - desigualmente desiguais

(*) Nelson Valente - 26 de fevereiro de 2010 - 07:12

O discurso do presidente Lula nos leva a pensar numa nova configuração geográfica, entre o Norte e o Sul. Dois Brasis - desigualmente desiguais. Separatismo: uma ideia que vem de longe. A unidade nacional brasileira, firmemente proclamada logo na primeira linha da Constituição Federal de 1988, sempre foi contestada, de Norte a Sul, com mais ou menos vigor. O separatismo nem é novo e nem se baseia sempre nos mesmos argumentos, de região para região. O histórico dos movimentos que procuraram e procuram fragmentar o Brasil, dando origem a novas repúblicas em solo americano, desde o episódio de Amador Bueno, "o rei de São Paulo", ocorrido em 1641, até os dias de hoje. Ao que se vê, o nacionalismo riograndense se alastra e já é ostentado em adesivos apostos nos automóveis e lugares públicos inserindo um mapa do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná encimado pelo lema: "O Sul é o meu país!" No Nordeste repontam reações idênticas. O aguerrido nordestino, que suporta a desgraça com dignidade, vive em estado de penúria, porque a área desenvolvida do Brasil, ao sul da Bahia, assim determinou. O Nordeste quer isso desde o século XVII, quando os pernambucanos se uniram aos maranhenses para expulsar os franceses do Maranhão (terra de Lula e Sarney). Em 1824, a Confederação do Equador pregava um movimento separatista. Infelizmente, o desfecho foi a execução dos seus líderes, entre eles Frei Caneca. A ideia continua de pé. Também o Estado de Mato Grosso ensaiou a independência ou anexação à Bolívia, por volta de 1892. Solidária com o Brasil, a Argentina se prontificou a mandar navios de guerra a Corumbá, o que não chegou a ocorrer porque com seus próprios meios o Brasil sufocou o movimento. São Paulo tem uma extensão territorial superior à de muitos países do continente europeu e podendo comparar perfeitamente em seu seio uma população de mais de quarenta milhões de habitantes, ninguém poderá dizer que São Paulo não possui os elementos necessários para tornar efetiva a sua autonomia política. Em São Paulo, a hipótese separatista foi abortada. O discurso do presidente da República caminha para o separatismo famélico entre o Norte e o Sul. Uma das perversidades da política brasileira é a demagogia. Parece uma segunda natureza, principalmente em homens públicos, que não resistem aos encantos das promessas vazias ou de sugestões vindas para não ficar.

Tancredo Neves, assim definia a política e alguns políticos brasileiros: "A política é como uma nau sem rumo, navegando ao sabor dos ventos, despertando a insânia de uns e a loucura de não muitos". O Brasil conta com a existência de 32 milhões de miseráveis (cerca de 20% da população - vivendo abaixo da linha de pobreza) sem acesso mínimo aos benefícios do progresso. De uma forma ou de outra, o Brasil precisa corrigir os seus rumos, a fim de que a sua população não fique à mercê de críticas como as que estão sendo feitas, com repercussão internacional.

Quanto mais atrasado o país, maior o seu crescimento demográfico. Não é só o Brasil que demonstra isso, mas a Etiópia nordestina. Nos dias de hoje, há uma descrença generalizada, colocando em risco a inteireza da cidadania aqui praticada. Os escândalos no Congresso, as falcatruas no governo, falta de segurança, tráfico de armas e entorpecentes, sequestros, etc. Tudo isso faz crer que a ética está em pane (que não pode ser medido por eventuais marginais, alguns até situados em posições de realce nos poderes da República). Não é dinheiro que falta ao Brasil. É vergonha!

(*) é professor universitário, jornalista e escritor.



O discurso do presidente Lula nos leva a pensar numa nova configuração geográfica, entre o Norte e o Sul. Dois Brasis - desigualmente desiguais. Separatismo: uma ideia que vem de longe. A unidade nacional brasileira, firmemente proclamada logo na primeira linha da Constituição Federal de 1988, sempre foi contestada, de Norte a Sul, com mais ou menos vigor. O separatismo nem é novo e nem se baseia sempre nos mesmos argumentos, de região para região. O histórico dos movimentos que procuraram e procuram fragmentar o Brasil, dando origem a novas repúblicas em solo americano, desde o episódio de Amador Bueno, "o rei de São Paulo", ocorrido em 1641, até os dias de hoje. Ao que se vê, o nacionalismo riograndense se alastra e já é ostentado em adesivos apostos nos automóveis e lugares públicos inserindo um mapa do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná encimado pelo lema: "O Sul é o meu país!" No Nordeste repontam reações idênticas. O aguerrido nordestino, que suporta a desgraça com dignidade, vive em estado de penúria, porque a área desenvolvida do Brasil, ao sul da Bahia, assim determinou. O Nordeste quer isso desde o século XVII, quando os pernambucanos se uniram aos maranhenses para expulsar os franceses do Maranhão (terra de Lula e Sarney). Em 1824, a Confederação do Equador pregava um movimento separatista. Infelizmente, o desfecho foi a execução dos seus líderes, entre eles Frei Caneca. A ideia continua de pé. Também o Estado de Mato Grosso ensaiou a independência ou anexação à Bolívia, por volta de 1892. Solidária com o Brasil, a Argentina se prontificou a mandar navios de guerra a Corumbá, o que não chegou a ocorrer porque com seus próprios meios o Brasil sufocou o movimento. São Paulo tem uma extensão territorial superior à de muitos países do continente europeu e podendo comparar perfeitamente em seu seio uma população de mais de quarenta milhões de habitantes, ninguém poderá dizer que São Paulo não possui os elementos necessários para tornar efetiva a sua autonomia política. Em São Paulo, a hipótese separatista foi abortada. O discurso do presidente da República caminha para o separatismo famélico entre o Norte e o Sul. Uma das perversidades da política brasileira é a demagogia. Parece uma segunda natureza, principalmente em homens públicos, que não resistem aos encantos das promessas vazias ou de sugestões vindas para não ficar.

Tancredo Neves, assim definia a política e alguns políticos brasileiros: "A política é como uma nau sem rumo, navegando ao sabor dos ventos, despertando a insânia de uns e a loucura de não muitos". O Brasil conta com a existência de 32 milhões de miseráveis (cerca de 20% da população - vivendo abaixo da linha de pobreza) sem acesso mínimo aos benefícios do progresso. De uma forma ou de outra, o Brasil precisa corrigir os seus rumos, a fim de que a sua população não fique à mercê de críticas como as que estão sendo feitas, com repercussão internacional.

Quanto mais atrasado o país, maior o seu crescimento demográfico. Não é só o Brasil que demonstra isso, mas a Etiópia nordestina. Nos dias de hoje, há uma descrença generalizada, colocando em risco a inteireza da cidadania aqui praticada. Os escândalos no Congresso, as falcatruas no governo, falta de segurança, tráfico de armas e entorpecentes, sequestros, etc. Tudo isso faz crer que a ética está em pane (que não pode ser medido por eventuais marginais, alguns até situados em posições de realce nos poderes da República). Não é dinheiro que falta ao Brasil. É vergonha!

(*) é professor universitário, jornalista e escritor.

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