Após mudar várias vezes a versão da morte do filho Marcos Antônio de Toledo, de 1 ano e 1 mês, a mãe do menino, uma adolescente de 15 anos, acabou confessando para o delegado responsável pelas investigações, Enilton Zalla, que cometeu o crime sozinha, em um matagal do bairro Cristo Redentor, na periferia de Corumbá. A morte do menino, ocorrida no domingo à noite, chocou a cidade.

O delegado disse esta manhã ao Campo Grande News que está convencido de que não houve participação do namorado dela, Claudinei da Silva Cruz, 19 anos, nem do padrasto da garota, que ela chegou a citar como responsável pelas facadas. Ambos chegaram a ser presos e serão liberados. O padrasto foi citado pela adolescente porque ela não gostava dele, os dois estavam sempre em conflito.

Segundo o delegado, roupas de ambos foram coletadas e não há qualquer vestígio de sangue, além de haver provas de que eles não estavam no local do crime. Outro fato que fez cair por terra a versão inicial da garota, de que o namorado teria matado a criança, por ciúmes, são depoimentos de várias testemunhas sobre os maus tratos sofridos pela criança, que a adolescente via como um peso. “É um histórico lamentável. Ela não tinha espírito maternal, chegava a limpar o bumbum da criança com o pé”, diz.

Segundo o delegado a garota apresentou frieza e se mostrou calculista ao arquitetar o crime e complicar as investigações, inventando várias versões. Somente por volta das 11 horas desta terça-feira, durante a última conversa com o delegado, acompanhada por uma psicóloga, quando acabou admitindo que cometeu o crime sozinha, que ela chorou. “Foi a primeira lágrima”, conta o delegado.

Segundo ele, a menina não é usuária de drogas, é de família muito pobre e sempre cobrada pela mãe para que trabalhasse para sustentar o filho. A avó do menino, Sheila Toledo, chegou a acionar o Conselho Tutelar para pedir a guarda dele, segundo confirma o delegado.

No domingo, dia em que Marcos Antônio foi morto, a adolescente estava atipicamente alegre, segundo relataram testemunhas. Ela foi convidada para a festa de um sobrinho do pai biológico do menino e chegou a dizer que não sabia se iria porque tinha “algo importante” para fazer durante a noite. Após sair da festa, ela levou o filho para um matagal e desferiu oito facadas, que mataram a criança. Também foi a própria menina que indicou a polícia o local onde estava a faca.

O delegado afirma que diante do comportamento, a adolescente passará por avaliação de uma junta de psicólogas. Segundo ele, ontem ela chegou a perguntar se poderia ir ao velório do filho. O corpo de Marcos Antônio foi velado ontem e sepultado às 10 horas de hoje.

A adolescente foi apreendida em flagrante e os autos serão encaminhados ao Ministério Público Estadual, para que represente junto ao juiz da Vara de Infância e Juventude. Ainda hoje ela deve ser encaminhada para uma ala reservada do presídio feminino de Corumbá, onde não há Unei (Unidade Educacional de Internação) feminina, até que o juiz decida onde ela vai ficar.