A continência é um gesto militar, popularmente conhecido, que tem um significado histórico, marcado por algumas adapções durante o passar dos períodos da evolução histórica de todo o mundo. Importante, para entender a continuência, é saber do significado e origem deste ato.

A continência é, antes de qualquer coisa, uma saudação, que pode significar cordialidade, respeito e até mesmo a definição da relação entre subordinado e superior dentro hierarquia típica das carreiras militares.

Essa maneira de cumprimentar surgiu na Idade Média e era utilizada especificamente como símbolo de respeito ao saudar os reis, levando em conta seu status de soberania. Quem prestava esse tipo de saudação aos reis eram os guerreiros que estavam sob o comando real, e não necessariamente qualquer pessoa do povo. O entendimento era de que os guerreiros deviam lealdade e respeito àquela pessoa que ocupava a posição de “líder” e “chefe”.

Prestar continência é um ato cristalizado no gestual que corresponde à elevar a mão direita, com os dedos esticados e unidos rentes à parte lateral da testa. Tradicionalmente os guerreiros faziam uma reverência ao rei erguendo a ponta dos dedos da mão direita em direção à viseira do elmo, que fazia parte da armadura medieval.

Muito além de demonstrar respeito ao rei, o ato da continência ainda trazia uma simbologia implícita, que era a de demontrar paz, afinal, a mão que segurava a espada estava nitidamente vazia.

Uma terceira simbologia trazida por este ato é de representar a honra que um soldado sente em ocupar a carreira militar. Após a evolução das épocas, a continência ainda continua sendo diariamente utilizada como forma de cumprimento e reverência nas tropas militares. Vale ressaltar inclusive, que as Corporações que se valem da utilização deste ato, regulamentam a correta utilização da continência.

Nas polícias militares, a continência pode representar cordialidade, quando utilizada entre os pares, ou seja, entre policiais do mesmo posto ou graduação, podendo ainda representar, sobretudo, respeito quando prestada por militares de postos e graduações diferentes.

Até os dias atuais, os militares fazem a saudação da continência de maneiras diferenciadas, a depender do país. Na França, por exemplo, a continência é executada com a palma da mão voltada para a frente. Já no Brasil, o cumprimento é feito à moda prussiana, com a palma da mão voltada para baixo. Ambas as maneiras possuem o mesmo valor e intenção.

Vale ressaltar que existem também variações da continência. Além de existir a continência individual, existe a de tropa e as modificações que dependem do armamento portado pelo militar, que normalmente precisará adaptar o movimento tradicional.

Uma dúvida comum que surge entre as pessoas é, se o civil pode ou dever prestar continência. Para responder essa questão, vale lembrar que não existe regulamento prevendo continência para pessoas que não são militares. Porém, alguns civis replicam este gesto com o intuito de demonstrar maior respeito, em situações excepcionais, como por exemplo, podemos citar a situação em que atletas prestam continência à bandeira nacional durante a execução do hino nas olímpiadas.

“A continência, para o militar, está muito longe de ser um sinal de subserviência. Ela é um sinal de respeito tipicamente militar, um cumprimento. O cumprimento de aperto de mão começou para mostrar a mão desarmada; a continência é um ponto diferente, mostra respeito a quem admiramos, respeitamos. É um respeito que temos entre nós, além de realizarmos às vezes em relação a pessoa que a gente tem uma certa admiração e respeito pelo tipo de atividade que desenvolve. Assim, cumprimentar um civil também é perfeitamente cabível.” (Fernando Montenegro, coronel da reserva do Exército Brasileiro e consultor em assuntos de segurança e militar)