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Homossexuais reivindicam políticas públicas e recursos

Lúcia Norcio , ABr - 15 de março de 2009 - 09:00

Curitiba - A implementação do Plano Nacional de Enfrentamento da Epidemia da Aids e das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) entre Gays, Homens que Fazem Sexo com Homens (HSH) e Travestis foi um dos principais assuntos tratados esta semana, em Curitiba, durante encontro do Projeto InteraGir - Ações de Advocacy em HIV/Aids.

A aprovação de leis que reforcem políticas públicas e mais recursos para essas comunidades também foram temas destacados durante o evento.

Os ativistas elaboraram projetos que vão nortear a implementação dessas políticas em cada região. A idéia é que até o ano que vem o plano nacional, elaborado pelo Ministério da Saúde, já esteja implantado em todos os municípios brasileiros.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, ainda é muito baixo o número de municípios com leis específicas para este público.

“Alguns servem de exemplo, com cinco, seis leis, como Feira de Santana (BA) e Alfenas (MG). Poucos municípios destinam um dia para a luta contra a homofobia, realizam semanas de diversidade humana promovendo debates em escolas e reconhecem as instituições que trabalham com a doença como sendo de utilidade pública, o que facilita a transferência de recursos públicos”, afirmou.

“Os projetos que estão dando certo foram apresentados neste encontro e vão ser levados como modelos para outras cidades. Os participantes estão saindo daqui capacitados”, garantiu

Toni Reis disse que a falta de recursos é um dos principais problemas. “Esses públicos ainda são muito vulneráveis à aids e recebem apenas 1% a 3% do orçamento dos municípios e estados destinado a ações específicas para gays. Precisamos alcançar pelo menos 20% do orçamento.”

Esses recursos podem ser usados para disponibilizar um número maior de preservativos, realizar oficinas de auto-estima, direitos humanos, programas de conscientização das conseqüências da doença e facilitar o acesso aos serviços de saúde, sem o constrangimento da discriminação, o que, de acordo com Toni Reis, ainda é muito comum, principalmente em municípios do interior.

O diretor adjunto do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, Eduardo Barbosa, disse que oficinas estão sendo realizadas em todo o país para estimular o trabalho de prevenção da doença. “Já foram realizadas em 16 estados. O ministério atualmente repassa verbas para 450 municípios para que eles desenvolvam programas nesta área”.

O Ministério da Saúde estima que cerca de 630 mil pessoas, entre 15 e 49 anos de idade, vivam com HIV/AIDS no Brasil.

Segundo Eduardo Barbosa, desse total, 250 mil são soropositivos mas nunca fizeram um exame não sabem que podem adoecer rapidamente e já num estágio avançado. “São 33 mil novos casos registrados a cada ano e 11 mil óbitos, a maioria entre jovens, daí a importância da prevenção”, afirmou.

O diretor apela às instituições que atuam no enfrentamento da doença para que usem uma linguagem mais adequada para atingir esses jovens. “Não adianta apenas distribuir folhetos e preservativos. Vamos usar a internet, blogs, sites acessados pela juventude, falar a linguagem deles”, concluiu.


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