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Vieira de Mello pode tornar-se herói da pátria

Agência Câmara - 10 de fevereiro de 2004 - 08:45

O ex-comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos, Sérgio Vieira de Mello, morto em Bagdá em um atentado terrorista em agosto do ano passado, poderá ter seu nome incluído no livro dos Heróis da Pátria. Esse é o objetivo do Projeto de Lei 1782/03, do deputado Alberto Fraga (PMDB-DF), em tramitação na Comissão de Educação e Cultura.
Para o autor da proposta, a inclusão do nome do diplomata no livro "é uma merecida homenagem que devemos prestar-lhe, colocando sua conduta profissional e seu exemplo de vida como norteadores da atual geração de brasileiros".
O livro encontra-se em Brasília, no Panteão da Pátria, construído em 1986 na Praça dos Três Poderes em homenagem ao ex-presidente Tancredo Neves.
Na comissão de Educação e Cultura, a proposta recebeu parecer favorável do relator, Severiano Alves (PDT-BA). Sujeita à tramitação conclusiva, a matéria será analisada ainda pela comissão de Constituição e Justiça e de Redação.

HISTÓRIA
Veterano funcionário de carreira da ONU, com experiência na resolução de múltiplos conflitos internacionais, Vieira de Mello foi nomeado representante das Nações Unidas no Iraque pelo secretário-geral da organização, Kofi Annan, em maio de 2003. Filho de embaixador, o diplomata nasceu no Rio de Janeiro, em 15 de março de 1948. Fez doutorado em Filosofia e Ciências Humanas na Sorbonne, em Paris.
Vieira de Mello dedicou suas mais de três décadas de carreira na ONU à defesa da paz e causas humanitárias, enfrentando vários perigos em regiões de conflito e vinha sendo apontado como o possível sucessor do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan.

COMISSÁRIO PARA REFUGIADOS
Em 1969, começou a trabalhar para o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), em Genebra, e logo exerceu cargos em Bangladesh, Sudão, Chipre, Moçambique, Peru e Paquistão. Entre 1978 e 1980, assumiu a representação da Acnur na América Latina, no Peru. Foi também subsecretário-geral da entidade internacional para Assuntos Humanitários e coordenador da Ajuda de Emergência.
Sua primeira grande responsabilidade foi ser assessor, entre 1981 e 1983, da Força de paz da ONU no Líbano (Finul), no momento da invasão israelense. Depois, ocupou diferentes postos de direção do Acnur em Genebra, antes de dirigir em 1994 a Força de Proteção a Civis (Forpronu) na ex-Iugoslávia, no auge da guerra civil do país.
Após o genocídio em Ruanda, Vieira de Mello trabalhou durante alguns meses em 1996 como coordenador humanitário para a região dos Grandes Lagos, na África Oriental, e logo foi nomeado Alto Comissário Adjunto para os refugiados. O brasileiro trabalhou inclusive no Camboja, como diretor de limpeza de minas.
Com o êxito no cargo interino de administração da ONU em Kosovo, em junho e julho de 1999, assumiu em outubro do mesmo ano a missão que lhe daria grande notoriedade e prestígio: administrador da transição para a democracia no Timor Leste. Após anos de domínio indonésio e uma sangrenta guerra civil, Vieira de Mello ajudou com sucesso o Timor a organizar as eleições presidenciais vencidas por Xanana Gusmão, que consolidaram a situação de volta à normalidade da ilha.

COMISSÁRIO PARA DIREITOS HUMANOS
Conhecido por seu discreto estilo diplomático, o brasileiro assumiu o comando do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos em julho de 2002, em substituição à irlandesa Mary Robinson, que havia dado declarações polêmicas, nas quais acusava os EUA de terem destruído liberdades fundamentais após os atentados de 11 de setembro em Nova York e Washington.
O auge de sua carreira na ONU foi assumir a chefia da organização no Iraque. As tarefas principais de Vieira de Mello na missão eram canalizar ajuda humanitária internacional, ajudar na reconstrução do país e prestar assistência ao povo iraquiano.
Além disso, Vieira de Mello colaborava com as potências ocupantes para o restabelecimento das instituições nacionais e locais, facilitando o processo para consolidar um governo representativo com reconhecimento internacional. O alto comissário ainda supervisionava a construção das infra-estruturas chaves, promovia o retorno de refugiados para o Iraque, a reconstrução econômica, os direitos humanos e a reforma jurídica.



Reportagem – Érica Amorim
Edição - Patricia Roedel


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