Foi realizada ontem, dia 8 de dezembro, no período da manhã, a prova de Redação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. O tema deste ano foi “Índios brasileiros: como viver com dignidade no século XXI?”. Veja o documento oficial que a Comissão Permanente de Vestibular da UFMS (COPEVE/UFMS) coloca como gabarito:

Seguindo o modelo proposto pelo ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que propõe um tema da realidade circundante para que o aluno o problematize e apresente soluções exeqüíveis, a Prova de Redação do Processo Seletivo da UFMS busca avaliar a capacidade de reflexão e análise do candidato, o que lhe permitirá tomar uma dada posição, sustentá-la com argumentos fidedignos e relevantes (\"recortados\" ou não do Painel de Leitura), devidamente organizados e articulados por meio dos recursos coesivos apropriados, observando a adequação ao tema e ao tipo de texto solicitado (dissertativo-argumentativo) e utilizando a norma culta, na modalidade escrita.

O Vestibular de Verão/2005 da UFMS traz como proposta de redação um assunto complexo, mas muito discutido na/pela mídia e outros setores da sociedade (como mostram os textos-estímulo), o que faz com que ele, pelo menos em princípio, não ofereça maiores dificuldades de abordagem para o estudante minimamente informado: Índios brasileiros: como viver com dignidade no século XXI?

A idéia de \"viver com dignidade\" é propositadamente ampla para possibilitar várias leituras, permitindo, assim, que cada um busque no seu conhecimento de mundo, que varia de sujeito para sujeito, subsídios para desenvolver a proposta. Dessa forma, embora não nos seja possível fixar diretrizes para o texto a ser produzido, podemos assinalar algumas direções para abordagem do tema, já que os conhecimentos de mundo são, em grande medida, partilhados pelos membros de uma mesma sociedade, numa dada época.

Sem ter a preocupação de organizar previamente as idéias ou de sugerir se elas devem constar da problematização ou da apresentação de soluções, listamos, a seguir, algumas idéias que, em maior ou menor grau, podem estar presentes nas redações:

a necessidade de demarcação das reservas indígenas, o que possibilitará a permanência do índio na terra e a busca de subsídios para sua sobrevivência, o que não se limita à caça e à pesca, mas se estende a atividades agropecuárias e comerciais, com a devida orientação (de órgãos do governo, de ONGs etc) para a utilização sustentável da natureza;

assistência à saúde, através do combate às doenças, adquiridas no contato com o não-índio, o que inclui campanhas de vacinação, orientação preventiva, postos de atendimento próximos às reservas etc;

alterações urgentes na legislação para integrar os índios, de fato, à sociedade em que vivem e não mantê-los falsamente sob a tutela do governo (e outros), o que implica o pleno conhecimento de seus direitos e deveres como cidadãos de um mundo globalizado;

apoio logístico e psicossocial para os índios que optam por deixar suas aldeias e viver nos grandes centros urbanos, dando-lhes maiores oportunidades de educação e emprego;

valorizar a cultura (língua, religião, costumes) das diferentes comunidades indígenas, de modo a permitir que seus integrantes preservem sua identidade, ainda que possam assimilar valores dos não-índios.