As causas das lesões de fígado encontradas em pacientes de pronto-socorro refletem o grau de violência da sociedade contemporânea e são desafios para os médicos responsáveis pelo tratamento. Em outras palavras, esta é a conclusão de pesquisadores do Hospital Universitário Cajuru da PUC do Paraná.



Carla Stalhschmidt e colegas fizeram um estudo retrospectivo de fevereiro de 2002 a maio de 2007, identificando 154 pacientes que deram entrada, com trauma hepático, no Hospital Universitário Cajuru (Curitiba,PR), sendo quase 91% do sexo masculino, com idade média em torno de 26 anos. “Quanto ao mecanismo de trauma, 72,73% foram por trauma penetrante, sendo que destes, 55,84% foram por arma de fogo e 16,88% por arma branca; e 27,27% por trauma contuso, no qual 73,81% envolveram colisões por veículos automotores e 26,49% outros”, dizem em artigo publicado na Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões de julho a agosto de 2008.



Os dados coletados mostram que mais de 75% dos doentes tiveram que ser levados para a cirurgia. Além disso, decorreram, em média, duas horas entre a chegada do paciente ao pronto-socorro e a entrada no centro cirúrgico. Por fim, as ocorrências com trauma no fígado prevaleceram após a meia noite, mas especificamente entre 0 e 12 horas. “Os dados epidemiológicos encontrados neste estudo refletem a violência na sociedade moderna, que se traduz com aumento da complexidade das lesões encontradas e constitui desafio para decisão da melhor conduta terapêutica”, alertam os pesquisadores.