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Terezinha Tagliaferro relembra Fred: já faz cinco anos

Terezinha Tagliaferro - 12 de janeiro de 2010 - 09:56

Querido leitor,

Como muitos de voces conheceram o Fred, decidi escrever um pouco sobre nossa experiencia nos momentos mais dificeis da nossa vida, visto que no proximo dia 23 comemoramos 5 anos que ele ja nao esta entre nos.
Divide esse comentario em 3 partes: antes, o momento decisivo e o depois.
Acredito sempre que a experiencia que vivemos possa de um modo ou de outro ajudar alguem a vencer as suas dificuldades.Ao menos se pode notar que nao estamos sozinhos, que outros ja passaram pela mesma estrada.

Momento dificeis

Foi em outubro de 1999 que o medico apos varios exames chegou a uma conclusao." Cancer de Prostata", em estado avancado pois ja havia escapado dali e atacado mais dois ossos.
O medico nao usou meios termos e nem palavras doces.Foi direto no assunto. Afinal o que para nos e um "bicho de 7 cabecas, pra eles e o " Pao nosso de cada dia"...
Na hora o Fred ficou sem palavras e eu so queria que a terra se abrisse e me engolisse.Percebi por alguns minutos que fiquei sem sentidos, tamanha foi a dor.
O medico entregou-nos alguns papeis, destinados ao hospital a fim de iniciar o tratamento.
Durante uma semana nao tivemos a coragem de dizer nada a nossa filha.Nunca poderei esquecer a expressao dela ao receber a noticia.E muito triste mesmo...
Naquela noite eu dormi pouquissimo.Entre um soninho e outro eu revivia nossa vida e pensava que nao tivemos tempo pra realizar nossos planos.A vida foi muito curta...que era o fim de tanta coisa...o fim de caminharmos juntos de maos dadas pelas estradas a tarde como era de costume, o fim de fazer as compras de Natal juntos e assim por diante.De manha ao levantar pensei...Como seria bom que tivesse sido apenas um sonho....mas ao ve-lo do meu lado me conscientizei da realidade.
Ele, por sua vez, passou quase a noite toda no computador pesquisando sobre a tal doenca.Queria informacoes precisas.Assim descobriu que nos Estados Unidos tinha um grupo que haviam o mesmo problema e comecou a fazer parte tambem.Trocavam mensagens contando suas experiencias.Comentavam sobre os progressos da medicina, sobre como superar determinados problemas e assim por diante.
Ele iniciou o tratamento e continuou a trabalhar normal ate se aposentar.O efeito colateral dos remedios era uma grande canseira em geral.No trabalho dele foram muito gentis.Colocaram um assistente com ele, assim ele podia vir em casa ao meio-dia para almocar e descansar por uma hora.Depois o Assistente vinha busca-lo.
Assim os dias foram passando e eu esperava que ele saisse para o trabalho pra poder chorar a vontade, pois nao conseguia aceitar a situacao.
Apos alguns meses eu estava entregando as encomendas para uma loja, para a qual eu trabalhava e ali se encontrava, na minha frente, um senhor, muito conhecido na cidade porque ele tinha qualquer problemas de cabeca que nao regulava muito bem, mas nao era violento.Ele pediu para a dona da loja alguns santinhos e ela deu, colocando-os num envenlope.Ele tirou todos do envelope e escolhendo um, com muita paciencia, virou pra traz e me presenteou.Coloquei o santinho numa bolsa que so fui observar mais tarde, sentando-me num banco do jardim.Pois e, o tal santinho era Nossa Senhora das Dores, quando recebe o "Corpo de Seu Filho da cruz".
Naquele momento a " ficha caiu"...percebi que Deus queria me falar atraves daquele gesto.Comecei a refletir...e no fim cheguei a conclusao que o final seria aquele, que eu deveria me armar de coragem pra acompanhar meu marido ate o ultimo momento.Esse era o meu papel.
Entao parei de chorar e comecei a rezar mais pedindo a Jesus ajuda porque eu me sentia como um galho quebrado no meio de uma enorme ventania.
Diante dos problemas que iam-se agravando dia por dia foi preciso aprender a ter calma,aprender a viver o momento e nao se preocupar com o futuro, pois nao e possivel palanejar.E necessario se colocar a disposicao daquilo que vier e pensar sempre que e mesmo uma luta e que no final tudo saira bem.
Com o sofrimento, pouco a pouco, nossas atitudes vao se mudando e passamos a viver a nossa historia particular.Tudo vai se tornando de rotina.O sofrimento nos fortalece, comecamos a ver as coisas de um prisma diferente.
Todos os dias pedia o milagre da cura, que nao veio, mas em compensasao Jesus nos deu tanta coragem pra aceitar a situacao e levar a vida pra frente, conforme a vontade Dele ate o fim.
Depois continuarei.

Terezinha

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