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Telescópio Soar expande o universo da astronomia

Agência Brasil - 15 de junho de 2004 - 09:56

A inauguração em abril do telescópio Soar (Southern Astrophysical Research Telescope), no qual o Brasil investiu R$ 40 milhões, representa, na opinião dos especialistas, um grande avanço para as pesquisas nacionais na área de astronomia, que têm crescido 10% ao ano.

O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), por meio do CNPq, financiou a maior parte da cota nacional no telescópio, que deve fornecer imagens na faixa do infravermelho melhores que as captadas pelo telescópio espacial Hubble.

O equipamento foi construído no Chile por um consórcio formado por instituições americanas e brasileiras. Após seis anos de trabalho e mais de US$ 30 milhões de investimento total, o Soar está na fase final de comissionamento para se tornar operacional. A parte científica dos trabalhos é coordenada pelo Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), que seleciona as pesquisas a serem desenvolvidas durante o tempo a que o país tem direito.

As principais vantagens do novo aparelho são as imagens de alta qualidade que sua ótica inovadora vai captar e a localização privilegiada. Segundo o pesquisador Albert Bruch, diretor do LNA, o equipamento representa um salto para a astronomia brasileira. “A alta qualidade dos espelhos faz com que o Soar esteja entre os melhores telescópios desse porte, talvez até o melhor do mundo. O Brasil pode se orgulhar de ser o parceiro majoritário nesse empreendimento científico de importância mundial”, afirma Bruch.

Segundo ele, a astronomia moderna no país é marcada por três eventos fundamentais: o primeiro foi a construção do observatório do Pico dos Dias, com seu espelho de 1,6 metros. O segundo é a participação de 2,5% no consórcio Gemini, par de telescópios gêmeos com espelhos de 8
metros de diâmetro. O Gemini norte se localiza no Havaí e o sul está no Cerro Pachón, mesma montanha do Soar, o que barateia a construção e a manutenção dos telescópios. O terceiro momento é a entrada em funcionamento do próprio Soar.

“Há 30 anos o Brasil tinha meia dúzia de doutores em astronomia, número que saltou para 300 hoje. A comunidade científica nacional, a partir de agora, conta com um equipamento que pode levá-la para a fronteira da ciência em astronomia”, completa Bruch. Pesquisadores afirmam que a astronomia já é a segunda área de pesquisa que mais cresce no país, cerca de 10% ao ano em formação de pessoal, citações e produtividade.

O comitê diretor do consórcio é hoje presidido pelo astrofísico brasileiro João Steiner. Para ele, os 11 cursos de mestrado e os sete de doutorado do país em astronomia representam uma capacidade de formação de recursos humanos na área muito boa e que carecia de melhores equipamentos que sustentassem as pesquisas. “Com o Soar o time brasileiro passa para a primeira divisão do campeonato mundial da ciência”, finaliza.

Contando com um espelho de 4,1 metros de diâmetro, o Soar capta imagens muito superiores às que a maioria dos astrônomos brasileiros trabalham hoje. Parte dos aparelhos foi produzida no país, e toda a cúpula foi desenvolvida pela Equatorial Sistemas e transportada para o Chile em
carretas. A localização no Cerro Pachón, alto da Cordilheira dos Andes, permite a operação o ano inteiro.

A região é uma das mais secas do planeta e longe de luzes de cidades ou poluição, fatores que têm grande influência na observação do céu. O telescópio está a 2700 metros de altitude e o fluxo laminar de ar na montanha não distorce a luz que vem das estrelas, tornando a localização a melhor do hemisfério sul.

Turismo astronômico

Na região existem vários telescópios e o turismo astronômico está se tornando uma importante fonte de divisas para o Chile. O intendente da região de Coquimbo, onde se localiza o Soar, disse na inauguração que o Ministério do Interior baixou severas normas de iluminação pública para que a observação do céu não fosse prejudicada. Milhares de lâmpadas das ruas estão sendo trocadas e pequenos telescópios estão em construção para que não só os astrônomos
possam observar o céu da região, que fica a 400 km ao norte de Santiago.

A divisão do tempo de uso ficou assim definida: 31% para o Brasil, 30% para o National Optical Astronomy Observatories (Noao), 12,5% para a Michigan State University e 16,5% para a University of North Carolina. Os 10% de tempo restantes serão usados pelo Chile, que cedeu o
território para a instalação do equipamento. (Ascom CNPq)

Sites relacionados: www.soartelescope.org e www.lna.br/soar/soar.html

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