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Sema apura causa da morte de peixes no rio Paraná
A Sema (Secretaria de Estado de Meio Ambiente) abriu uma investigação para determinar o que causou a mortandade de peixes no rio Paraná, na divisa do Estado com o Paraná.
Técnicos percorreram 200 km de rio e recolheram espécies mortas e amostras de água para exames. O material chegou ontem ao laboratório de microbiologia da Sema, em Campo Grande. Os primeiros resultados deverão ser apresentados na próxima semana, segundo o superintendente de recursos hídricos e pesca da Sema, Thomaz Lipparelli.
O que sabemos por enquanto é que houve mortes em pequena escala há algumas semanas, mas as mortes se acentuaram na semana passada. Precisamos dos exames para determinar a causa e a extensão dos danos ambientais, disse Lipparelli. Segundo ele, é a primeira vez que MS registra um caso de mortandade de peixes no rio Paraná com essas características.
Embora não tenham esclarecido a causa, as autoridades tratam o assunto como acidente. Na terminologia técnica, acidente pode ser causado por ação humana como no caso do lançamento de alguma substância que tenha intoxicado os peixes ou natural, caso os peixes tenham sido mortos em decorrência de algum desequilíbrio ambiental não provocado diretamente pelo homem.
O caso veio à tona depois que pescadores de Mundo Novo, município situado no extremo sul do Estado, a 456 km de Campo Grande, perceberam que peixes mortos apareceram na superfície do rio Paraná.
Ernesto Arriego, que preside uma colônia de 147 pescadores, conta que peixes como pintado e dourado espécies nobres e grandes foram vistos boiando em Mundo Novo e Naviraí, outro município à beira do Paraná. Estive na barranca do rio e tinha peixe rodando morto, relatou.
As mortes, segundo Arriego, estariam acontecendo há mais de 60 dias. O caso foi comunicado à PMA (Polícia Militar Ambiental), ao Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) e ao Ministério Público.
Suspeita de contaminação O assunto ganhou notoriedade política ontem, quando o líder do governo na Assembléia, Pedro Kemp (PT), fez um discurso relatando a mortandade dos peixes. Citando informações obtidas com pescadores, Kemp levantou suspeitas que a mortandade esteja relacionado ao combate ao Limnoperna fortunei, mais conhecido como mexilhão dourado.
O mexilhão dourado é um molusco de água doce originário da Ásia que invadiu a América do Sul pela bacia do Prata, nos anos 90. Como é uma espécie exótica, o mexilhão se alastrou rapidamente e já foi encontrado nos rios do sul do País. Já considerado uma praga, o Limnoperna fortunei fixa-se em todo tipo de substância dura o que gera prejuízos para as hidrelétricas.
Os pescadores suspeitam, segundo o deputado, que a Cesp (Centrais Energéticas de São Paulo) tenha aplicado algum tipo de agente químico para tentar eliminar o molusco na barragem da hidrelétrica Sérgio Motta, na divisa de SP com MS, e teria causado também a morte de peixes ao longo do curso do rio. A Cesp nega que tenha tentado eliminar os mexilhões com veneno.
O superintendente Lipparelli é cauteloso ao falar sobre contaminação. Um dos exames a ser feito nas espécies coletadas se baseia na análise das vísceras dos peixes. Se houver lesões hepáticas isso indicará que a morte não é natural e sim relacionada a algum elemento químico fosforado, disse.
Lipparelli afirmou que a Cesp está colaborando com a investigação e também está fazendo estudos para tentar esclarecer a morte dos peixes. Ele não quis comentar se o caso pode se tornar mais grave em virtude do início da piracema época em que os peixes procuram as cabeceiras dos rios para depositar seus ovos.
Defeso Se o impacto ambiental ainda é desconhecido, o estrago econômico para os pescadores foi minimizado pelo calendário. Desde hoje está proibida a pesca no rio Paraná por causa do período de defeso.
A gerente da Seap/PR (Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presideência da República), Marilúcia Canisso Valese, informou que quatro mil famílias de pescadores de Mato Grosso do Sul receberão um seguro mensal durante o período de proibição. Cada família receberá um salário mínimo (R$ 350) durante os meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro.
A pesca voltará a ser liberada em 1º de março.