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Saiba se você é um viciado em atividade física

Portal Educação Física - 16 de setembro de 2015 - 11:00

Musculação, corrida, boxe, futebol com os amigos — dê uma olhada em sua agenda e veja se ela está lotada de compromissos desse tipo, com atividades físicas ao longo da semana toda. Se sua resposta foi “sim”, pode ser que você seja mais que alguém apaixonado por exercícios. Pode ser que você tenha se tornado um viciado.

A busca por qualidade de vida, juventude e beleza se transforma em obsessão quando a relação que temos com ela deixa de ser saudável para se tornar patológica. O que antes era um prazer na rotina vira um sacrifício, e de atletas passamos, então, a prisioneiros da atividade física.

A definição é da psicanalista Maristela Temer, do Hospital Albert Einstein, que trabalha com obesidade e transtorno alimentares. Ela explica que a prática da academia, das maratonas e de todas as outras modalidades pode se tornar prejudicial quando é um sintoma, conceito desenvolvido por Freud para denominar comportamentos nocivos e causadores de sofrimento, que se manifestam, por exemplo, na forma de fobias, medos, pânico, TOC.

— A pessoa tem que se perguntar se aquilo é um prazer ou uma privação, se existe espaço para o lúdico na prática do exercício, ou se é apenas repetição. Qualquer comportamento compulsivo é a expressão máxima da neurose.

Outro indicativo, na opinião de Maristela, é quando se procura a atividade física apenas para obter ganhos estéticos. Esta deve ser uma consequência, e não o objetivo direto do exercício físico. Para a psicanalista, o esporte deve significar, em primeiro lugar, saúde, e não beleza.

Quando alguém se torna prisioneiro da academia, a psicanalista explica que passa, então, a haver uma supervalorização do olhar do outro — o que significa, de maneira prática, que a pessoa viverá tentando conquistar elogios e ser admirada a qualquer custo.

— Quando isso acontece, se cria uma necessidade de se ter objetos que causem inveja nos outros, e eles podem ser desde canetas caras, carros, roupas, até mesmo o corpo ideal. Vivemos na época do narcisismo e da exibição. A pessoa anda na rua e quase morre atropelada porque estava fazendo uma selfie no celular.

No geral, as pessoas com mais tendência a se viciar na atividade física são impulsivas, e apresentam comportamento autodestrutivo, com tendência a buscar sempre sensações de prazer sem pensar nas consequências.

Maristela explica que, quando se busca um corpo ideal, a motivação por trás disso é se parecer com outra pessoa.

— Tentamos nos parecer com o outro para nos livrar de nós mesmos. Mas aí, como isso é impossível, o sintoma se agrava.

Clínico geral e médico da família, Antonio Sproesser acredita que a única maneira de lidar com a dependência em atividade física é a terapia.

— Já vi muitos casamentos terminarem no meu consultório porque o cara treina de manhã até a noite, sem parar. E a mulher? E os filhos? Na vida, temos que representar vários papéis: pai, marido, profissional, filho. É importante que façamos todos bem-feitos. Não adianta ser ótimo em uma coisa e péssimo na outra.

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