Relatório elaborado pela Câmara Setorial do Leite, através da Seprotur (Secretaria de Estado de Produção e Turismo), que será entregue ao MPE (Ministério Público Estadual) aponta margens de lucro que vão de 30% a 200% sobre o preço de comercialização do leite pelo produtor. Esses lucros são agregados entre os elos da indústria e o varejo, segundo o superintendente de Agricultura e Pecuária da Seprotur, Wilson Roberto Gonçalves.

“É preciso saber o que está acontecendo, se tem intermediários ou não e essa ação não cabe ao governo”, diz. Ele exemplifica a diversidade de fatores envolvidos citando como exemplo o caso do leite de caixinha. Do custo da industrialização R$ 0,35 são só da embalagem produzida pela Tetra Pak, que não tem concorrentes no País até o momento.

Hoje, enquanto o produtor vende o litro a R$ 0,20, em média, chegando a R$ 0,14 em alguns pontos de distribuição e têm custo de produção de R$ 0,32 por litro, o consumidor paga R$ 1,10 pelo leite de saquinho, o chamado “barriga-mole” e não paga menos de R$ 1,35 pelo leite UHT (de caixinha), observa o superintendente.

As indústrias informam que têm vendido ao atacado o quilo da mussarela abaixo de R$ 5,00 quando o consumidor encontra o produto promocionalmente a R$ 9,00, mas chega a se deparar com preços de R$ 17,00 em supermercados. O relatório a ser encaminhado ao MPE deve contemplar não só as constatações mas também as argumentações e sugestões de todos os setores (produtores, indústria e varejo) que foram ouvidos em reuniões com a Seprotur.

Gonçalves ressalta que o principal ponto a ser questionado é o preço ao consumidor, que poderia estar mais baixo, estimulando as vendas. Com a produção melhor absorvida, afirma, o problema de excesso de oferta seria combatido e os preços melhorariam ao produtor, proporcionando ganhos a todos os elos.