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Protestos de fazendeiros em todas as regiões de MS

Graciliano Rocha e Maristela Brunetto / Campo Grande News - 31 de maio de 2005 - 15:03

Neste dia 31 de maio, tratores e colheitadeiras deixaram as fazendas para ganhar as ruas e bloquear rodovias em diversos pontos de Mato Grosso do Sul. Em todas as regiões do Estado, os sindicatos rurais se tornaram o centro nervoso de uma onda de protestos que acompanha a mobilização nacional.

O objetivo dos produtores, que conseguiram simultaneamente fazer barulho em tantos lugares, é dar uma demonstração de força em todo o País para levar o governo a aprovar um novo socorro financeiro. Alegando perdas com a estiagem, depressão nos preços das principais commodities (boi, soja, milho) e alta nos insumos, as entidades patronais do agronegócio quer uma injeção de valores que oscilam entre R$ 25 e 30 bilhões em todo o País. Pedem dinheiro novo ou renegociação de dívidas.

Em Mato Grosso do Sul, os produtores pedem 10% da conta apresentada nacionalmente. Se o governo ceder, esta será a terceira renegociação de dívidas que os fazendeiros conseguem desde o Plano Real. As outras duas – 1995 e 2001 – envolveram um socorro financeiro de R$ 20 bilhões – dos quais pelo menos R$ 9,8 bilhões ainda não foram devolvidos e foram assumidos pelo contribuinte.

Em Campo Grande, uma comissão de frente de 20 cavaleiros abria alas para a passagem de uma fila de cerca de 500 metros formada por um pequeno trio-elétrico, caminhonetes, veículos de passeio e maquinário agrícola transportado na carroceria de caminhões. O protesto começou no parque de exposições Laucídio Coelho, seguiu pelas principais ruas do centro até a Câmara Municipal, onde estava marcada uma audiência pública para discutir a crise no setor. Segundo a Ciaptran (companhia de trânsito da PM), a atividade envolveu 300 veículos.

Dourados foi o epicentro dos protestos na região sul do Estado. A movimentação começou pela manhã com tratores, colheitadeiras e caminhões tomando a Marcelino Pires (principal avenida que corta a cidade de leste a oeste). Além de produtores de Dourados, a mobilização reuniu ruralistas de outros quatro municípios: Douradina, Itaporã, Laguna Carapã e Caarapó. Alguns políticos expressaram apoio ao protesto. O deputado federal Murilo Zauith (PFL) participou da manifestação na carroceria de um caminhão.

Em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, os produtores ocuparam as duas margens da BR-463 com caminhões e maquinário agrícola desde as 9h. Em Maracaju, os produtores se concentraram na BR-267 (que dá acesso a Jardim) para fazer panfletagem. À tarde, a organização informou que deveriam percorrer as ruas da cidade. Nos dois casos, não houve interrupção do tráfego nas estradas.

Corumbá, no Pantanal, teve o protesto foi mais light do Estado. Nenhuma manifestação pública foi realizada, à exceção da publicação pelo Sindicato Rural de uma nota nos jornais e rádios da cidade.

Bloqueios de rodovias – Em alguns casos, os ruralistas adotaram a mesma tática que costumam criticar nos seus antagonistas dos movimentos sociais. Os fazendeiros também apelaram para o fechamento de estradas para amplificar o protesto. Em Dourados, eles bloquearam o trevo que liga as BRs 163 e 376. O bloqueio foi parcial.

Em Bandeirantes, na região norte do Estado, a situação é diferente. Cerca de 80 máquinas agrícolas estavam nas margens da rodovia desde a manhã, com os ruralistas distribuindo panfletos sobre o protesto, mas ao meio-dia os produtores decidiram radicalizar e fechar a rodovia. “O tráfego deve ficar interrompido até às 18h. Apenas as ambulâncias terão a passagem liberada”, informou Murilo Serpa, um dos líderes do protesto, que fechou a principal ligação viária entre os Estado de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

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