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Geral

Ponte de R$ 500 milhões é esquecida pelo poder público

Jacqueline Lopes/Campo Grande News - 18 de janeiro de 2005 - 07:39

A situação da ponte rodoferroviária sobre o rio Paraná, que liga São Paulo a Mato Grosso do Sul, reflete o abandono do patrimônio público. A fiação da rede de iluminação foi roubada e as ferragens já se desprendem. No empreendimento, concluído há menos de sete anos, foram investidos em torno de R$ 500 milhões.
O prefeito de São José do Rio Preto (SP), Edinho Araújo (PPS) diz que “ninguém está isento de culpa” quanto à situação da ponte rodoferroviária. Para Araújo, como a solução esbarra na falta de recursos, os governadores de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo juntos com os senadores precisam se unir para reverter o atual quadro de deterioração da ponte milionária.
A obra foi iniciada pela Ferronorte, grupo do empresário Olacir de Moraes, e concluída pelo governo do Estado de São Paulo com recursos do governo federal. Desde 31 de dezembro de 1999, quando finalizou o prazo do contrato entre a União e o Governo do Estado de São Paulo, a ponte ficou sem dono.
Na cláusula do convênio que viabilizou a obra ficou acertado que a União e o Estado de São Paulo só definiriam quem assumiria a administração ao fim da obra, mas como muitos pontos ficaram pendentes a obra tecnicamente não está concluída.
Há cerca de um mês, na cidade de Rubinéia (SP), autoridades dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul se reuniram para discutir o problema. Nada teria sido definido sob a responsabilidade pela ponte. Na época dois pontos foram discutidos: a liberação de recursos de emergência para a execução de obras necessárias e recuperação de trechos danificados; retomada do convênio, possibilitando a Secretaria de Estado dos Transportes de São Paulo, por intermédio do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), realizar os trabalhos de manutenção permanente da ponte rodoferroviária.
Os prefeitos assinaram o documento da reunião, que foi encaminhado ao Gabinete da Presidência da República, governadores e secretários de infra-estrutura de São Paulo e Mato Grosso do Sul, deputados estaduais e federais.
A ponte tem quase 4 quilômetros, é tida a maior do gênero no mundo. Por cima, são quatro pistas para veículos e sob elas estão os trilhos por onde passam os trens. Quase 80% da soja exportada pelo porto de Santos são escoados pela ponte, o equivalente a 20% do total nacional de exportações do grão e seus derivados, conforme informações da Revista Exame, que também denunciou o abandono da rodoferroviária. Ela foi idealizada para facilitar o transporte de grãos do País rumo ao porto e gerar economia no frete, já que reduz em mais de mil quilômetros o trajeto. Quando foi assumida pelo governo federal, na gestão de Fernando Henrique Cardoso, a ponte foi incluída no programa Brasil em Ação, que reunia projetos prioritários.
As prefeituras, de acordo com o prefeito de São José do Rio Preto, tentaram firmar convênio para solucionar o problema. “Mas, uma obra daquele porte não pode ser administrada por prefeitura”, diz.
A falta de manutenção, segundo Araújo, e também de acabamento, coloca em xeque a eficiência do poder público. No local, faltam posto da polícia rodoviária, balança, estacionamento, posto de fiscalização fitossanitária, estação meteorológica, equipamento de monitoramento de tráfego da ponte e retorno operacional do lado do Mato Grosso do Sul. “Uma obra importante para a economia do país está abandonada”, opina.

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