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Pesquisa aponta queda de 14% no número de leitos de MS

Sandra Luz e Aline dos Santos / Campo Grande News - 01 de novembro de 2006 - 13:49

O número de leitos para internação em Mato Grosso do Sul sofreu redução de 14% em três anos, segundo a pesquisa de estatísticas da saúde AMS (Assistência Médico-Sanitária), divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De acordo com o estudo, o número de leitos passou de 4,6 mil em 2002 para pouco mais de 4 mil em 2005.

Mesmo com a redução, o Estado ainda atende ao Ministério da Saúde, que determina a disposição de 2,5 a três leitos por mil habitante. Em Mato Grosso do Sul, essa proporção é de 2,7 leitos por mil habitantes, mesmo número verificado em Santa Catarina.

A Santa Casa é um dos que reduziram leitos. O pronto socorro tinha cerca de 50 pacientes aguardando vagas para as enfermarias esta manhã. O hospital já chegou a ter 750 leitos ativos. Hoje são 586 leitos. A redução se agravou desde que o hospital iniciou intervenção.

Para o chefe do Pronto Socorro, Carlos Alberto Mota dos Santos, que há 22 anos atua na saúde pública, o ritmo de aumento de leitos não segue o crescimento da população. Ele lembrou que desde que iniciou neste tempo todo o único hospital novo na cidade foi o Regional. Ele argumenta que mais difícil do que iniciar o atendimento é garantir a continuidade no hospital, caso necessário encaminhamento a UTI ou serviço especializado.

Médicos - O Estado apresenta bons índices de oferta de profissionais em Medicina com um médico para cada 290 habitantes, quando a OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda a oferta de um para cada mil. Com o número, Mato Grosso do Sul ocupa a quarta melhor posição entre os demais estados brasileiros, ficando atrás do Distrito Federal, que tem um médico ocupado para cada 202 habitantes; Rio de Janeiro, com um profissional para 241 habitantes e de São Paulo, com um médico para 275 habitantes. Os estados com proporção mais crítica são o Pará, onde existe apenas um profissional para 915 habitantes e Maranhão, com um para 839.

Porém, a concentração de profissionais na Capital é grande, chegando a 70% em Campo Grande. A Capital tem 5.509 médicos, enquanto os demais 2.281 estão nos demais 77 municípios. Em outros estados essa concentração é maior, como Roraima, onde 85,01% dos médicos estão concentrados na capital Boa Vista e Manaus, que tem 84,95% dos profissionais do Amazonas.

Nos hospitais de Campo Grande a todo momento é possível se verificar os reflexos da ausência de médicos no interior. Nesta manhã, Rosalina Viana e Maria Eliza da Silva, que vieram de Rio Verde, esperavam no pátio do hospital uma posição sobre Clarisse, parente que feriu um dedo. Por ser do interior, a paciente não tem internação garantida, ficará em observação. Assim como as duas, o motorista da ambulância, que trouxe o grupo, ficava à espera.

Na opinião do presidente do CRM/MS (Conselho Regional de Mato Grosso do Sul), Mauro Ribeiro, existe uma explicação lógica para essa concentração, que perpassa pela falta de políticas eficientes do poder público para atrair profissionais ao interior. “É só fazer o que ocorre com os juízes. Criar um Plano de Cargos e Carreira, melhorar salários”. Além de salários considerados insuficientes, municípios do interior carecem de infra-estrutura, o que coloca em risco a saúde dos pacientes. “O generalista pode atender sem tanto aparato tecnológico, mas um especialista necessita de boa estrutura, suporte de CTI e incorporação de tecnologia”, explica.

A oferta de profissionais especializados tem no Estado o agravante do baixo volume de cursos de pós-graduação e residências médicas, concentradas quase que exclusivamente em Campo Grande. Ribeiro revela que hoje o Hospital Universitário, a Santa Casa, Hospital Regional e Clínica Campo Grande oferecem residências para qualificação, mas as vagas são insuficientes para os cerca de 200 médicos que se formam anualmente no Estado.

A baixa oferta de cursos reflete na oferta de profissionais. Conforme dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), são oferecidas 24 especialidades médicas em Campo Grande e algumas oferecem somente um profissional, como reumatologia pediátrica, hematologia, nefrologia pediátrica e gastropediatra.

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