Neste dia (15 de setembro de 2008), utilizo-me do instrumento que meu pai demonstra domínio pleno há anos: o texto em homenagem a uma pessoa querida. Faz tempo que vejo, esporadicamente, textos dele em homenagem a diversas pessoas que marcaram sua vida e de Cassilândia. Hoje, por ser uma data muito especial, achei interessante fazer o mesmo em relação a ele.
Para aqueles que ainda não sabem, sou filho de Manoel Afonso (mais conhecido somente por Mané Afonso), nascido em terras cassilandenses, há muito morando em Campo Grande, sem jamais esquecer o meu querido recanto no Bolsão. Perdoem-me aqueles que esperavam um texto jornalístico, pois este texto é somente uma homenagem, ou melhor, uma tentativa de homenagem a alguém que se acostumou a prestá-las. Então vamos a ela:
Para quem não o conhece, Manoel Afonso é uma pessoa que merece uma descrição minuciosa. Num primeiro momento, as pessoas são inclinadas a imaginar que ele é o homem mais “conversador” do mundo. Em qualquer lugar que vá, rapidamente, começa a conversar com quem quer que seja, do gari ao prefeito da cidade. Isso, por vezes, chega a ser constrangedor e engraçado para aqueles que não são acostumados com seu jeito despojado, pois imaginam que está conversando com amigos de longa data, quando na realidade acabara de conhecer a pessoa.
Com o passar do tempo, começam a imaginar que se trata de um cara simplesmente “chato”, pelas críticas secas e incisivas em sobre vários assuntos. Neste aspecto, merece destaque a sua profissão de jornalista. Apesar de ser advogado de formação, é inegável que o jornalismo sempre foi sua grande paixão; nesta condição desenvolveu uma percepção única dos acontecimentos. Costumo dizer que ele nota aquilo que passa desapercebido aos olhos das pessoas comuns. Isso serve tanto para os acontecimentos políticos quanto para as situações cotidianas.
Com a convivência, a pessoa perceberá que se trata de alguém “alegre”. Não digo alegre no sentido daquela pessoa que vive olhando as estrelas e admirando o cantar dos passarinhos, mas alegre por se preocupar em viver bem e em viver fazendo o bem, principalmente. É só seguir aquele antigo ensinamento romano: “viver honestamente, não lesar ninguém e dar a cada um aquilo que é seu”, a alegria vem como conseqüência natural.
Isso faz com que se note o quanto é “amigo verdadeiro”. E amigo de verdade não é aquele que come churrasco na sua casa todo final de semana. Mas sim aquele que fica dois anos (ou mais) sem te ver e não esquece o teu nome; é aquele que você sabe que estava longe, mas estava torcendo por você; é aquele que procura saber quanto você esta ganhando, não por inveja, mas para comprovar que você está bem de vida e ficar feliz por tabela.
Para quem convive com ele no dia-a-dia, chega “doce” sua dificuldade em confessar as próprias deficiências. Certamente, as pessoas estão acostumadas a vê-lo como alguém hábil com as palavras e a lei, mas ficariam admiradas com suas dificuldades para dominar equipamentos tecnológicos, como um computador ou um telefone celular. Só eu sei como foi difícil para ele parar de escrever a coluna Amplavisão na velha máquina Olivetti e começar a utilizar o e-mail, ao invés do aparelho de fax.
Finalmente, tornando ainda mais pessoal o texto, presto reverência à característica de “pai” que ele possui. Não digo isso apenas por um laço sanguíneo que nos une para todo o sempre, mas porque percebo atitudes de pai em relação a diversas pessoas. Chamo de atitude de pai a ajuda descompromissada, como doações a asilo, almoços a mendigos ou presentes a pessoas necessitadas. Ele costumo dizer que foi educado sem mesquinharia, e que sempre fez isso e Deus nunca deixou faltar nada em sua vida. Que sirva de exemplo a todos!
Feliz aniversário, Mané Afonso!!! Feliz aniversário, meu querido pai!!! Certamente, foram 60 anos muito bem vividos, e ainda espero felicitar-lhe nos 70, 80, 90 e, quiçá, 100 anos!!! Sei que a vida de ninguém é feita só de bons momentos, e sua não foi diferente, mas creio que esta seja uma data muito especial e torço para que a felicidade seja intensa.
Uma pequena homenagem, com grande amor, de seu filho.

Paulo Adaias Carvalho Afonso.