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Palestra ensina jovens dizer "não" às drogas
A pessoa só tem como saber se é dependente químico depois que usa algum tipo de droga. Não há exame médico para antever isso. O ideal é não cair na besteira de se envolver com drogas, pois dificilmente quem usa consegue voltar sozinho. É um poço sem fundo. Não duvide e não use, orienta a investigadora da Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Denar), Suely Baldo, nos primeiros minutos da palestra Prevenção e Combate de Uso a Drogas.
A palestra foi oferecida aos alunos da Escola Estadual João Carlos Flores, bairro Rita Vieira, na Capital, na manhã de terça-feira (10). A palestra tem como público-alvo os adolescentes que estão cursando o Ensino Médio da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul.
Vídeos, apresentações em slides e uma maleta com amostras de diferentes tipos de entorpecentes, tudo é apresentado aos alunos durante as palestras como forma de ilustração para informar e prevenir.
Durante o encontro, a cada novo slide a policial retira da maleta a substância (droga) apresentada no telão. O que em um primeiro momento pode parecer só uma folhinha ou pó é na verdade substância química e perigosa que destrói os neurônios, e em alguns casos pode provocar o retardo mental, explica a investigadora da Denar.
Segundo Suely Baldo, uma única pedra de craque tem a capacidade de destruir até 10 mil neurônios. O traficante em si não usa drogas. O que ele faz a você é a seguinte proposta: te dou dez paradinhas, você vende nove e uma é sua\'. Isso na verdade é uma armadilha para você entrar no tráfico e ainda ficar dependente da substância e do traficante. O traficante mesmo não é bobo de usar, o que ele quer é vender, ter lucro. Seja esperto e não caia nesse golpe, é a orientação dada pela investigadora da Denar.
Olhos atentos e raciocínio lógico
Na plateia os olhos atentos e curiosos dos estudantes revelam quão o tema desperta o interesse deles. A cada dado transmitido pela palestrante um novo som é ecoado no ambiente, seja por meio de palavras soltas, um simples murmúrio de espanto ou até de assombro, e no meio do barulho todo já há estudantes que têm opinião formada sobre o assunto.
A palestra ajuda a gente. Eu já sabia dos perigos das drogas, mas muita coisa dita aqui eu não conhecia. Na hora da palestra algumas histórias que ela [investigadora da Denar] conta podem parecer absurdas, mas se a gente pensar de verdade dá medo. Acho que se muita gente soubesse de todo o mal que as drogas causam talvez elas não tivessem usado, fala a estudante de 15 anos Stella Vaz.
E quem tem opinião semelhante à de Stella é a sua colega Larrisa Cândido, de 14 anos. A palestra é interessante. O ideal é que nenhum jovem se envolva com droga, ainda mais quando se sabe todo o estrago que ela pode nos causar. É coisa de ter valor, de amor próprio mesmo, diz a jovem.
Pensando nessas questões de valores o diretor da Escola Estadual João Carlos Flores, Claudecy José da Cruz, resolveu trazer a palestra da Denar ao colégio. A ideia partiu da nossa coordenadora pedagógica Osmarina e eu aceitei. Aqui já trabalhamos outros temas [trânsito, saúde, disciplina] em palestras e atividades. O trabalho da Denar só veio complementar nosso plano de trabalho. Inclusive orientamos os nossos professores que ao término desta palestra conversem com os seus alunos e promovam atividades, explica o diretor.
Assim que tive conhecimento do trabalho da Denar eu entrei em contato com o delegado da Denar, Marcos Takeshita. A intenção é orientar nossos jovens mesmo. Sabemos e já vimos alguns fumando cigarro e isso nos preocupa. O uso do cigarro pode desencadear para coisas mais sérias e não há arma melhor para combater os problemas que o diálogo e a informação, conclui a coordenadora pedagógica Osmarina Souza.
Combater é informar
Nos colégios são pautados temas como: o golpe \"boa noite cinderela\" em que uma vítima consome sem saber uma bebida com droga diluída; álcool; cigarro; cola de sapateiro; ansiolíticos remédios para ansiedade e obesidade que em doses excessivas causam dependência, e drogas ilícitas (maconha, haxixe, craque, pasta base, LSD e ópio).
Durante as palestras as drogas são apresentadas aos estudantes por meio de classificações: depressiva, estimulante e perturbadora. Segundo a Denar, os estudiosos fazem essa divisão por classe com base na ação que cada tipo exerce sobre o sistema nervoso.
Entorpecentes e crimes
O delegado da Denar, Marcos Takeshita, revela que é possível até classificar um crime com base no uso de drogas que um indivíduo consome, a exemplo das drogas perturbadoras, como o LSD, que tende a envolver os dependentes em ocorrências de suicídios, por estimular a alucinação ou a sensação sinestésica que é um estado neurológico que provoca a mistura de sentidos - sendo possível sentir aroma nas cores e cores nos sons.
A pessoa sob efeitos do LSD tende a ver monstros, ou seja, ver coisas onde não tem. Imagine um usuário que está em um prédio e tem uma alucinação, é possível que ele se jogue da sacada ou janela. Não é que ele queira se matar, mas fugir das supostas ameaças, explica o delegado da Denar.
Mais danos à saúde
Os entorpecentes, além de danificar irreversivelmente o sistema nervoso, ainda podem levar a doenças infecciosas. O uso coletivo de seringas para a injeção de drogas é um dos principais meios de transmissão do vírus da Aids e da hepatite B e C.
Os diretores interessados em agendar uma palestra da Denar em sua escola devem entrar em contato pelo telefone (67) 3341-5055.
Aline Lira